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Artigo de Opinião

Comunicação - Assuntos da UE

26/01/2022 08:00

Para dar algum contexto, a Ucrânia é um antigo estado soviético. Com a dissolução da União Soviética, consequência do fim da Guerra Fria, a Ucrânia ganhou independência em 1991. As culturas de ambos países estão intrinsecamente ligadas, mas os ucranianos ainda sentem o fantasma da Rússia a pairar. Quando estive na Ucrânia em 2018, em conversa com o nosso guia, ele disse-nos que por muito que a Ucrânia se queira distanciar da Rússia para chegar mais perto do Ocidente, o comunismo está entranhado nas fundações do país e nas mentes das suas gentes mais velhas que veem a Rússia como uma babushka - uma avó ou mulher sábia de idade - enquanto que os jovens ucranianos sentem-se mais próximos da ideologia ocidental.

A Ucrânia foi uma enorme perda para Moscovo. E com a ascensão de Putin ao poder, o Kremlin tem procurado recuperar controlo sobre os antigos territórios. O mais flagrante foi em 2014, quando a Rússia enviou militares para a península da Crimeia, tomando a região pela força. O direito internacional é claro: os países não podem adquirir território ou alterar as fronteiras pela força.

O que nos leva a 2022, onde atualmente estão mais de 100 mil soldados russos estacionados em vários pontos na fronteira entre os dois países. Na semana passada, os serviços secretos norte-americanos afirmaram que a Rússia está a planear destacar até 175.000 soldados para uma potencial invasão, levando aos EUA a pedir aos seus cidadãos na Ucrânia que abandonem o país, uma vez que a acumulação militar russa na fronteira não mostra sinais de se dissipar.

Os analistas da Reuters questionam se o Ocidente pode realmente dissuadir a Rússia, e até onde os aliados estão dispostos a ir. As opiniões são divergentes. A Alemanha recusou fornecer apoio militar à Ucrânia, ao contrário dos EUA e do Reino Unido. A França procura um diálogo reforçado com Moscovo. Do lado da União Europeia, a chefe da Comissão anunciou que será disponibilizado à Ucrânia um pacote de ajuda financeira de 1,2 mil milhões de euros para mitigar os efeitos do conflito.

O que é que a Rússia quer? A Ucrânia, de modo a estreitar laços com o Ocidente, ambiciona aderir à UE e à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A Rússia quer garantias de que a Ucrânia não será autorizada a aderir às duas organizações. Se isto fosse uma conversa no WhatsApp, a Rússia teria um ‘’visto, não respondido’’, uma vez que que a OTAN não atendeu às exigências russas.

Os próximos dias serão críticos em termos de cooperação e relações internacionais. Ou as tensões esfriam ou poderemos ter uma guerra a cozinhar. Diferentes países estão a tomar diferentes posições e lados no conflito, ora pela sua proximidade geográfica com a Rússia, ora pela sua dependência devido ao abastecimento energético, ora por razões históricas. E os mercados globais permanecem nervosos com a eminência de um conflito militar.

É evidente que esta situação deve permanecer no topo da agenda internacional e que a Rússia deve ser responsabilizada pelas suas acções. Mas espero não estar-lhe a escrever daqui a um mês sobre um novo conflito que, a acontecer, não trará nada de novo nem de bom. Apenas o mesmo resultado que todas as guerras tiveram até aqui: instabilidade e perda de vidas inocentes.

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