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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

21/09/2022 08:00

Se me pedissem para falar sobre um momento definidor da vida moderna como a conhecemos, eu menciono sempre esse marco que nunca deveria ter sido permitido, o 11 de Setembro 2001.

Os eventos do 11 de Setembro de 2001, foram as primícias do mal no mundo moderno, é uma ferida aberta na humanidade, e por outro lado é um momento galvanizador do mal, pois convence e motiva os que do mal vivem.

Sem desconsideração para as vítimas directas e indirectas dos demais atentados, e Guerras fratricidas que nos deveriam envergonhar (na Somália, no Ruanda e infelizmente tantos outros exemplos) este momento por ser o primeiro, no coração do conforto do futuro, teve um impacto de tal ordem, cujas repercussões ainda hoje se sentem. Não falo apenas das viagens de avião, estou a falar das implicações mais profundas, desde a guerra, a doença, foi o medo que se instalou no Mundo, e medo e ignorância degeneram em violência, em intolerância, em sectarismo, em egoísmo, no fundo tudo o que sustenta o Mal e permite que se continuem ataques deste género, o mal gera mal.

19 seres humanos transviados, propelidos pela ignorância e cegos pela maldade, sequestram 4 aviões no qual morreram mais de 200 pessoas, pessoas estas que seguiam as suas vidas normais, quase 3000 pessoas morrem deixando para trás famílias e entes queridos, destroçados, incrédulos, enraivecidos… derrotados… no fundo, sentimentos partilhados por todo o Mundo que naquele dia 11 de Setembro de 2001 assistiu impotente a este momento horripilante.

Lembro-me com uma clareza sofrida esse dia, chegava à faculdade por volta das 14h e de repente o telemóvel toca, o medo assoberbava quem me perguntava se estava bem e pedia para regressar para casa, Lisboa em poucas horas esvazia-se, nesta terça-feira de má memória, só a polícia povoa as Avenidas Novas, nesta cidade vazia, cinzenta percorrida por um vento quase que outonal, um quase reflexo de dor de simpatia pelo que se estava a viver do outro lado do atlântico, esta incredulidade que nos esvazia e que se sente guturalmente.

Porquê? A maldade não precisa de razão, na verdade existe onde a razão não chega, este foi um ataque à humanidade, ataque gratuito, boçal, sem sentido, fiel apenas à ignorância que o impeliu, desenganem-se, não foi um ataque de credo, ou religião(todas as religiões monoteístas apregoam Paz e Amor fraternal (curiosamente as 3 de maior expressão são todas Abraâmicas)), não foi um ataque de raças ou ideologias, foi apenas um ato de ódio vazio, sem propósito, foi o ataque da sandice, foi um ataque perpetrado pelo Mal, infelizmente o mal deambula por entre os Homens e os mais fracos são facilmente atraídos, e só o Bem o pode derrotar.

Passados 21 anos, observando o memorial do 9/11, o que se sente é um silêncio sepulcral e um ar pesado que carrega o fardo de uma dor, a dor da humanidade! O som da água a cair recorda-nos que pertencemos à natureza essa força maior que nos envolve, as rosas brancas no nome de quem celebraria o dia de aniversário trespassam-nos a alma como uma adaga, sentimos a culpa que não nos é devida, mas que tem de ser por nós partilhada, pois a humanidade somos todos, e compete-nos iluminar para o Caminho do Bem, a todos os transviados.

O Mal não pode triunfar, temos de gerir diferenças, somos diferentes, branquear diferenças resulta em sentimentos reprimidos, temos de assumir diferenças e é tão bom tão enriquecedor sermos diferentes, genética, física, e culturalmente, é essa a riqueza da humanidade, um só Mundo, uma vida em comunhão, com respeito, educação e elevação, sustentada em Paz e Amor, mais que uma lição, é o desígnio do nosso espírito que tende naturalmente para o Caminho do Bem.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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