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Artigo de Opinião

13/10/2022 08:00

A prova disso é a quantidade de adultos da minha geração (50tas) e mais velhos que demoraram a assumir ou nunca assumiram a sua homossexualidade. Não se assumiam para sobreviver às expetativas dos pais e da sociedade ou para evitarem discriminação: "fecharam-se dentro de armários" escuros e cheios de sofrimento. Muitos/as tiveram relações heterossexuais e tiveram filhos, replicando o esperado "presépio católico com pecado".

Sábado participei no desfile do Madeira Pride. Confesso que sempre que vou penso no quão triste é o facto de ainda haver necessidade desta manifestação. Basta ler e ouvir os comentários à notícia do evento para perceber a razão pelo qual isto acontece.

Para muitos o Adão/homem e a Eva/mulher são ainda a única relação considerada normal, mesmo com "pecado".

Em 1972 os especialistas da doença mental (psiquiatras e psicólogos) retiraram de todos os manuais de doença metal a homossexualidade. Há 50 anos que a homossexualidade não é uma doença mental.

Participar no madeira Pride é um modo de tentar dar a cara por orientações sexuais ou identidades de género que são diferentes das do "Adão e da Eva". Apoiar pessoas que recusam o armário fechado e cheio de sofrimento!

Ouvi de alguém: "Se há legislação que garanta igualdade, para quê ir para a rua?"

Para quê?

Segundo um estudo recente da universidade do Porto (CPUP), quatro em cada cinco alunos de minorias sexuais e de género ainda preferem não o revelar aos professores ou funcionários no contexto da escola. Porquê esconder?

A razão é bem explicada por Ana Craveiro quando revela que: "Em ambiente escolar, são cada vez mais recorrentes situações de bullying entre alunos, principalmente contra minorias, sendo uma delas, a orientação sexual". Ainda? Queremos que voltem para o armário?

A população LGBT+ não é doente, mas estes comportamentos adoecem e fragilizam estas pessoas, trazendo graves problemas de saúde mental.

Recentemente quando surgiu o vírus Monkeypox a população homossexual foi novamente atacada! Houve uma associação direta do vírus à população homossexual. Li noticias que me relembraram o que passaram estas pessoas com o surgimento do vírus VIH. Afinal, evoluímos na legislação, mas não evoluímos no modo como tratamos estas pessoas.

No início do arraial tivemos o presidente da CMF a discursar (ainda bem que esteve lá), mas ele disse algo que me sinto na obrigação de responder porque discordo, ele pediu para não politizar e que a luta é de todos. Não concordo! Porque isso não é o que está a acontecer na europa (extrema direita discrimina esta população) nem o que já aconteceu em Portugal. Por exemplo, o casamento homossexual foi aprovado em Portugal por partidos de esquerda, com o BE sempre a lutar por esta população. Onde estava o PSD e o CDS? Esta luta é sim de alguns partidos como o BE! Pride!

Espero que a partir de agora, os nossos filhos e netos não precisem de adoecer e de sofrer porque a sociedade, como comprovam os estudos, ainda quer jogar alguns para dentro de um armário. Todas as orientações sexuais e identidade de género têm apenas a ver com amor ao próprio e ao outro, nada mais.

"A Madeira não é o paraíso que vocês dizem ser" - citação de um cartaz lido na manifestação.

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