MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Investigador na área da Educação

11/12/2023 07:50

Muitos, entre os quais nos acabamos por posicionar, vêm apontando a apelidada fraca mobilização cívica como uma debilidade do Portugal democrático.

No cerne estamos em crer que o lugar da Educação acaba por ser central. Aliás, como também muitos defendem, a Educação é de longe a área social, quando se fala em matérias de índole social, que tem um papel principal e pode fazer a diferença.

Cumprida uma etapa de disputas de cariz mais ideológico, presente nas décadas finais do século passado -também elas coincidentes, no tempo, com o período que se seguiu à revolução de abril-; Portugal ficou marcado por um conjunto de intenções, por parte dos dirigentes políticos, com forte intervenção na Educação, sobre a importância da formação ética e cívica dos jovens em ambiente escolar. O medo de um regresso ao pensamento único era grande. Destarte, na realidade, este período acaba mesmo por corresponder às recomendações e orientações dos organismos internacionais, consagração na legislação e nos programas de ação que polvilharam o sistema educativo e projetaram a designada educação para a cidadania nas escolas.

Talvez, como nunca, atualmente, quando nos invadem o quotidiano os episódios de ausência de rigor no desempenho de cargos públicos, suspeitas de falta de isenção aos mais altos níveis, guerras e ausência de humanidade; se deverá “colocar na agenda”, prioritariamente, as matérias da cidadania, da ética, da deontologia profissional, as condições de formação e socialização das novas gerações. Num locus onde a escola deva ocupar o lugar de mediação entre a família e a vida pública. Não olvidando, apesar de tudo, que estaremos sempre perante uma dimensão, sui generis, onde acabam por interpenetrar-se as esferas familiares e as políticas públicas de forte cariz social.

A verdade é que, sabemo-lo, pela especial natureza daquilo com que se lida-as Pessoas, e não sendo este um campo estanque nem anódino, a velocidade das transformações sociais projeta sempre alguns obstáculos e dificuldades, que se vão colocar quer às famílias, quer à escola, no exercício das suas responsabilidades educativas.

Aquela que é a dimensão ética e moral oferece hoje um amplo aconselhamento e não pode ser descurada. Aqui, centralmente, mantemos que o lugar que os Direitos do Homem devem ocupar na formação dos cidadãos são valores a não descurar. Não somente, porque os Direitos do Homem constituem um dos cernes do debate ético e político, mais ainda neste mundo conturbado onde vivemos; mas, porque devem fornecer um critério, quer para a elaboração de programas políticos, quer para o funcionamento da comunidade.

Os Direitos do Homem, valores fundamentais do Estado moderno, constituem efetivos direitos fundamentais e assim estão consagrados de forma indelével na nossa Constituição. São, também, repositórios onde buscam respaldo a universalidade de certos princípios éticos como a liberdade, democracia, igualdade e o respeito pela Pessoa. Transpostos em termos educativos, conduzem às mui nobres noções que sugerem abertura a outras culturas, tolerância, e o respeito pelas diferenças, sem conduzir à negação das identidades; pelo que, o relevo que a formação dos cidadãos vem assumindo deve inserir-se numa estratégia de alargamento do campo de intervenção da escola e claramente na redefinição do seu papel social.

Ademais, convenhamos na reflexão, enquanto direitos universais, os Direitos do Homem definem princípios que permitem, adentro da sua riqueza e da diversidade, ser um contraponto para o(s) relativismo(s) filosófico(s), que por vezes grassam e começam a “fazer escola”. É que, convenhamos também, sem uma forte matriz ética, a integração social e política, acabará por resultar em mera adaptação às “modas” dominantes.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o valor que gastou ou tenciona gastar em prendas este Natal?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas