De facto, é impossível não ficar assoberbado com o manancial de informação baseada em estudos científicos, que nos induz à adopção de um comportamento.

Aliado à quantidade elevada de estudos, temos depois a utilização desses mesmos estudos a servir de base informativa para induzir à adopção de comportamentos, isto através de opiniões, marketing de influência, famosos, redes sociais, internet, comunicação social, programas de tv, e publicidade.

Dito isto percebemos que estamos à mercê de informação, para a qual não estamos habilitados (em primeira instância) a lidar, ou se quisermos, chegar a uma conclusão sobre o objecto do estudo ou hipótese formulada e subsequente resultado!

Ora este tipo de informação veiculada, pode gerar alterações comportamentais sem a necessária sustentação robusta no plano científico, caindo o cidadão no logro do interesse direcionado para um produto ou serviço, com promessas de objectivos cumpridos, tendo por base um raciocínio de causalidade de fraca sustentação científica (na hierarquia da robustez dos estudos).

Alerto que na maior parte das vezes estas alterações comportamentais e/ou de consumo não acometem de dano para o utente porquanto na maior parte das vezes o anodismo preside à sua utilização ou, carecendo de efeito o resultado da sua utilização, tão rapidamente como assumidas, são abandonadas.

Já todos fomos confrontados com produtos em várias áreas desde a financeira, até ao bem-estar e Saúde onde pululam os mesmos, como na obesidade, disfunção erétil, memória, anti-aging. E não só produtos, mas também comportamentos, como, tipos de dietas, tipos de exercício, reparem que até no consumo de água por vezes se referem sem base robusta no plano científico advogando a ingestão de águas alcalinas (neste caso particular convido a verificar a definição de solução tampão, pois o sangue é uma solução tampão e o PH nivela entre o 7,35-7,45, visitar a equação de Henderson-Hassdelbalche e a capacidade do ácido presente no estômago neutralizar as substâncias básicas ingeridas) reconheço no entanto que quando de nascente natural, estas águas apresentam uma elevada qualidade de mineralização.
Para o cidadão ficar esclarecido quando lhe apresentam um estudo, deverá saber a hierarquia da robustez do nível de evidência científica, aqui por ordem crescente - Caso; Séries de Caso; Estudo caso-controlo; Estudo de Coorte; Estudo de intervenção comunitária; Ensaio Clínico; Meta-análise de ensaios clínicos, daqui retiramos que os níveis de evidência mais elevados (de acordo com a classificação de Oxford Centre for Evidence-Based Medicine) são as Revisões Sistemáticas e as Meta-análises de RCT (ensaios clínicos aleatorizados e controlados). Ficando o cidadão descansado que na Saúde, e por exemplo nos medicamentos só a evidência científica robusta é utilizada, e que em verdadeira Literacia em Saúde tudo o que é dito é baseado em evidência científica robusta.

Deixo aqui duas frases de grandes pensadores, Arthur Schopenhauer: "pensar é coisa de que poucos são capazes, mas já opiniões, todos querem ter." Pierre Bayle: "Primeiro digo eu, a seguir dizes tu, e por fim di-lo também o último: se se disser bastante vezes, não se vê senão o que foi dito".