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Artigo de Opinião

8/11/2022 08:00

Quem é do contra é, eventualmente, aliciado e comprado com o tempo. Quem não cede, acaba perseguido e neutralizado. Não é por acaso que muito se fala sobre a falta de oposição na Madeira. Só que este facto, não acontece porque somos uma terra onde emana o leite e o mel ou por incapacidade dos seus intervenientes, como muitos gostam de impingir. A verdade, nua e crua, é que não nos permitem que seja de outra forma, o regime político, económico e social, assim o determina.

A falta de liberdades democráticas na Madeira, contribuiu em larga medida para o afastamento dos cidadãos da política. A perseguição aos intervenientes da oposição ao longo dos anos, teve um efeito terrível na organização da vida política do nosso arquipélago. O clima de medo que já vem desde os tempos dos atentados da FLAMA, depois do 25 de Abril, levou a que as pessoas adquirissem receio em participar na vida coletiva e a exercer a sua cidadania, por medo de represálias. Da oposição, digna desse nome, que foi surgindo fez-se um exemplo. Com uma incansável perseguição do ponto de vista profissional e económico até aos famigerados processos judiciais que agora tanto estão em voga. Foram muitos os que foram abandonando a vida política ativa, não só porque prejuízos acumularam-se ao nível do insustentável, como pela falta de reconhecimento da população.

Não é por acaso, que estamos a vivenciar um dos piores quadros políticos no que toca ao debate político e à representatividade no parlamento madeirense. Com o histórico da oposição ao longo dos anos, o pragmatismo imperou. Praticamente só vai para a política quem quer ganhar o seu e não se chatear muito.

Por outro lado, é muito difícil para a população separar o trigo do joio. Como vamos escolher uma boa oposição se a informação que nos chega é tendenciosa, controlada e muitas vezes censurada?! Quantos jornalistas têm passado para assessores políticos e para a administração pública nos últimos anos? Já perdemos a conta…

Numa Região, onde a geração de riqueza é diminuta e onde o emprego escasseia, tornou-se normal que a maior parte das pessoas façam as suas escolhas políticas não com base na sua consciência, mas com o objetivo de garantir a sua subsistência.

Somos um meio pequeno, pouco desenvolvido economicamente, em que praticamente a única perspetiva de uma vida melhor passa pela política. Qualquer profissional e empresário tem a vida mais facilitada se tiver boas ligações ao partido do poder.

A continuar assim, teremos o paraíso na terra para o que de pior existe na política, uma eterna calmaria do "é fartar, à vilanagem". Uma vida política marcada pelo assalto à manjedoura pública, por cargos públicos a serem distribuídos indiscriminadamente pelas clientelas partidárias, onde o mérito é substituído pelo seguidismo partidário. Onde as vozes contestatárias, foram substituídas por toda a sorte de oportunistas.

Tudo aponta para que a Madeira continue a bater recordes políticos de longevidade do regime. Cada vez mais próximos de África e longe da Europa civilizada.

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