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Artigo de Opinião

Jornalista

4/08/2022 08:00

Normalmente o festeiro era alguém da terra que estava emigrado.

Ser festeiro era uma forma de agradecer o sucesso alcançado fora da terra que os viu nascer. Não deixava também de ser uma forma de, com alguma vaidade, mostrar o sucesso alcançado noutras paragens.

A grandeza da festa variava em função da capacidade financeira de quem a pagava.

Nas contas da festa entravam os custos com as cerimónias religiosas, o enfeitamento da igreja e arredores, o fogo, o pagamento da Banda Filarmónica. A grandiosidade de tudo isto dependia da generosidade do festeiro. Quanto mais dinheiro houvesse maior era a festa.

Nalguns casos os festeiros começaram a acrescentar um conjunto musical denominado de ritmos modernos. Os "Antonianos" e os "Galáxia" eram os mais concorridos. Nesse tempo nem se pensava em artistas de fora da região para animar o arraial.

As festas naquela altura aconteciam apenas no sábado e no domingo. O início da festa acontecia ao meio-dia do sábado.

Era a essa hora que rebentavam os primeiros foguetes, depois vinha uma girândola que na terra o povo designava de "giranda". O tempo que levava a rebentar o fogo de estalo, também servia como indicador da capacidade do festeiro. Depois disso praticamente estavam abertas a festividades. Com as barracas com carne para espetada já a funcionar. Nessa altura as vacas eram mortas junto às barracas onde eram vendidas. O abate acontecia pela manhã bem cedo. Era um ritual que incluía a passagem de um veterinário para atestar a qualidade da carne que iria ser posta à venda. Nesse tempo a banda filarmónica tinha um papel de grande destaque. Os músicos desfilavam pela freguesia tocando o hino e outras músicas em direção à casa do festeiro. O homem ou à família que pagava as despesas acabava por ter lugar de destaque nas festividades. Era assim dentro igreja e também na procissão que percorria as ruas da vila pisando os tradicionais tapetes feitos com flores naturais. Na minha terra estas obras de arte eram denominadas de "ramadas". Nos dias de hoje ainda há festeiros, mas em menor número do que noutros tempos. O pagamento de promessas sempre foi e pelos vistos será sempre uma realidade para muitos. O sucesso e outras benesses conseguidas ao longo da vida com muito sacrífico e trabalho por vezes devem ser objeto de agradecimento a algo que por mais transcendente que seja se acredita que tenha influência. De qualquer modo com ou sem festeiro os arraiais continuam bem vivos na tradição madeirense. Quando não há festeiro, são as confrarias que se chegam à frente. A festa continua.

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