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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

26/07/2023 08:00

Este truísmo, é consubstanciado em realidade, quando assistimos que o medicamento é a tecnologia mais acessível, e mais custo-efectiva.

O comum dos mortais neste momento não consegue valorizar o medicamento nesta ordem de grandeza, pois assume-o como garantido, e como tal parte integrante do seu exercício vivencial.

Quem concebe atualmente, não ter acesso imediato a um analgésico para uma dor de cabeça, um anti-inflamatório, um antidiarreico, um anti-histamínico!?

Podemos ousar dizer que o sucesso do medicamento na sociedade, reflete-se no seu, veto ao esquecimento após o sucesso da sua utilização, no fundo a sua normalização enquanto tecnologia indispensável no âmbito da Saúde.

Considerando que o aumento da esperança média de vida, se deve em grande parte à acessibilidade ímpar, desta tecnologia em Saúde que é o medicamento, reside na sua capacidade de conferir qualidade de vida aos anos ganhos pelos cidadãos, uma das suas maiores vicissitudes.

Logo como preconiza Thomas Hardy "A medida da vida deveria ser proporcional à intensidade da experiência mais do que à sua duração", e como tal a melhoria dos indicadores "ano de vida ajustado pela qualidade" - Qaly e "anos de vida ajustados por incapacidade"(DALY), que no léxico de saúde é a medida do impacto da doença, em tempo, e que combina a quantidade de saúde perdida devido à doença (YLD) ou à morte prematura (YLL), são predicado de uma utilização responsável do medicamento - medicamento certo, na dose certa, no momento certo, no doente certo, e ao preço certo.

A Figura da Bala Mágica de Paul Erlich é então cada vez mais atual. O prémio Nobel da Medicina em 1908, para além da criação do Salvarsan e Neosalvarsan para tratamento da sífilis, da observação ainda que empírica da barreira hematoencefálica, e do axioma "Corpora non agunt nisi fixata" - uma droga não funciona se não estiver ligada a um receptor, criou um dos conceitos basilares em Farmacologia - o conceito de "bala mágica", em que um medicamento deveria funcionar como uma bala mágica em que atuaria só no local de ação, sem causar dano no organismo. Esta visão de medicamento enquanto bala mágica é cada vez mais atual permitindo cada vez mais um aumento da efetividade da utilização do mesmo. Não esquecer o conceito de Archibald Cochrane de que eficácia descreve como o medicamento é utilizado em condições controladas e como tal ideais, e seus resultados, e efetividade descreve como o medicamento é utilizado em condições de mundo real e seus resultados.

Podemos dizer que o conceito de Bala Mágica guia em certa medida a criação de um medicamento. Hoje em dia a evolução da Ciência Farmacêutica, permite-nos falar em Terapia Genética - por exemplo o Zolgensma da menina Matilde com o sucesso reconhecido, ou como outros medicamentos para problemas oncológicos, Kymriah, Yescarta, Tecartus etc baseados em CAR T-cell. O advento da medicina personalizada e da farmacogenética são fundamentais para contribuir para um incremento da efetividade do medicamento.

Curioso é o facto de que na atualidade, e no que se perspetiva para o futuro da farmacologia com o necessário, direi obrigatório aumento de efetividade do medicamento, apresentam como base e fio condutor o conceito de Bala Mágica.

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