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Artigo de Opinião

Economista

10/09/2022 08:00

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a sua presença nas festividades, dizendo que representava Portugal, independentemente de quem era o presidente do Brasil. Compreende-se a defesa da instituição e da relação entre os nossos dois países. Mas esse idealismo institucional não pode esquecer a realidade vivida no Brasil de hoje. Primeiro, porque o país se encontra numa quente e perigosa campanha eleitoral para as presidenciais no próximo dia 2 de outubro. Infelizmente, quando nem todos respeitam os limites da democracia, corremos o risco de participar numa encenação mediática para proveito eleitoral. Muitos dirão que Marcelo acabou por legitimar esse aproveitamento político de Bolsonaro. Mas não tenho bem a certeza: afinal, à saída da cerimónia, o presidente português foi vaiado por elementos da multidão. Não se sabe se por ser o representante do antigo poder colonial, se por ter estado com Lula da Silva há meras semanas, ou por um misto destas duas razões.

Não esqueçamos que na sua mais recente ida ao Brasil, o presidente português viu a sua reunião com Bolsonaro ser tempestivamente cancelada, devido ao incómodo que o encontro com outros ex-presidentes brasileiros tinha causado no atual presidente. Se a convivência com outras pessoas fosse critério para evitar encontros, havia uma razão bem mais premente do lado de Marcelo para não estar naquela tribuna. Recordemos que Bolsonaro afirmou ter estado com os oito empresários que foram alvo de uma operação da Polícia Federal que teriam defendido um golpe de Estado caso Lula da Silva vença eleições presidenciais deste ano. Bolsonaro não só esteve com estes empresários como levou um deles - Luciano Hang - para a tribuna de honra, colocando-o na primeira fila entre si e Marcelo Rebelo de Sousa. Se isto não funcionar com alerta vermelho para um autêntico abuso do sistema democrático não sei o que faria abrir os olhos, até pelos paralelos com a incitação a insurreição perpetrada nos EUA por Trump e que culminou na invasão do Capitólio em 2020.

A valorização das instituições é uma das razões pelas quais votei Marcelo Rebelo de Sousa. A defesa da moderação ideológica e do bom-senso político, quando outros gostariam de ter um presidente que aumentasse os decibéis de histeria. Apesar das críticas de militantes do centro-direita à atuação de Marcelo em diversas ocasiões, não questiono a cruz dada no boletim de voto. Só gostaria que não voltasse a cair desnecessariamente numa bizarra armadilha eleitoral alheia.

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