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Artigo de Opinião

Jornalista

17/02/2022 08:00

O banho diário, por vezes até mais do que uma vez por dia nos meus tempos de infância era coisa inimaginável.

Nessa altura até mesmo a vontade de tomar banho era pouca, isto porque não era hábito tomar banho todos os dias e não havia nenhum mal.

Para que isso acontecesse era necessário quase que ser obrigado pelos pais. E a razão até era simples: é que por norma era com água fria.

Nessa altura a água para o banho era aquecida no fogão ou no lar porque a do chuveiro que vinha diretamente da rede para quem já tinha água canalizada, era fria.

Na altura era muito raro a existência de esquentador a gás ou elétrico.

A solução para a higiene diária passava sempre por uma banheira e por água aquecida. Como é fácil de perceber não dava muito jeito para o banho completo.

Normalmente durante a semana o processo de lavagem resumia-se ao essencial. Basicamente lavávamos a cara, as mãos e os pés com água aquecida e na maior parte das vezes fria. Uma suave barra de sabão azul era o gel duche da época.

Para quem andava um dia inteiro na brincadeira no campo, facilmente se imagina a quantidade de lameiro que vinha "pregado" sobretudo nas pernas.

A quantidade era tanta que só ao esfregar sem água já se conseguia remover o ermo ou cieiro (eram os termos utilizados).

Claro que num banho simples muito lameiro ficava acumulado em partes mais difíceis de lá chegar. Por detrás das orelhas era uma das zonas onde isso acontecia com frequência, também no pescoço e nos tornozelos.

A operação ligeira de higiene acontecia nos dias da semana. O banho geral normalmente vinha ao fim-de-semana. Ao sábado à tarde era dia de duche. Lembro-me de muitos desses banhos que eram tomados com água fria. Arrepiava por todos os lados.

Naquela altura a higiene pessoal, mesmo dos adultos não era muito diferente. Uma banheira, água e o tal sabão azul em barra, eram os utensílios utilizados. Nesse tempo, tomar banho geral numa banheira de ''folha'', implicava algumas regras: primeiro, pôr-se de joelhos e tentar meter a cabeça na banheira por forma a molhar bem o cabelo. Depois aplicar sabão e esfregar muito bem. Muitas das vezes tínhamos que pedir a alguém para trazer rápido um jarro de água limpa, isto porque ficávamos com sabão nos olhos e ardia imenso. Após esta operação lavar o corpo em água quase fria tinha de ser um banho apressado.

Lá em casa por vezes ajudava a minha mãe a lavar os pés. Aquecia a água e deitava numa banheira. Depois com um sabão esfregava os pés. Até havia quem usasse uma pedra abrasiva para esfregar bem os calcanhares. Dentro da banheira notava os resíduos da operação.

Por vezes era necessário proceder a uma muda de água.

Com o andar dos tempos, felizmente começou-se a generalizar a distribuição de água potável canalizada. Com esse bem passou a ser mais fácil instalar um esquentador, ou até mesmo improvisar um utilizando o lar onde todos os dias se fazia a comida.

Com o andar dos temos também o sabão azul começou a dar lugar a um sabonete mais cheiroso e muito posteriormente a um shampoo para cuidar melhor sobretudo dos cabelos.

Naquela altura as toalhas para limpar também não eram muitas. Por vezes a mesma toalha era usada por mais que uma pessoa. A necessidade assim obrigava.

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