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Artigo de Opinião

Investigador na área da Educação

2/05/2022 08:00

Para descrever esta nova "aurora", onde as novidades tecnológicas e as descobertas científicas, assim como as mudanças em políticas sociais, seriam fundadas sobre a codificação de conhecimentos teóricos, foi introduzida a noção, hoje comum, de "sociedade do conhecimento". Y. Masuda (1980) a este propósito eloquente (sobretudo, na data que o refere) afirma que os sistemas anteriores da tecnologia inovadora tinham estado sempre focados no poder produtivo material, mas anuncia-se agora um novo tipo de sociedade humana, cuja força matricial seria a produção de valores de informação e não de valores materiais.

Para compreender toda esta mudança urge esclarecer que a nova realidade, do sec. XXI, assenta em duas dinâmicas principais, simultâneas e sobrepostas. Por um lado, as novidades tecnológicas permanentes nas mais diversas áreas, embora tendendo sobremaneira para a criação e difusão da informação, dados, imagens e serviços conexos; por outro, as tendências económicas dirigidas para a transformação de importantes dimensões do conhecimento, da investigação e da cultura, modeladas à forma digital, em produtos destinados a um mercado global, competitivo e repleto de possibilidades de crescimento. A designação de "informacionalização" é assaz pertinente e tem estado orientada, com este propósito, para a intensificação da mercadorização em crescendo daquelas dinâmicas, onde pontuam os conceitos, hoje, comuns, de "inovação", "criatividade" e "competitividade".

Consequentemente, a globalização ao levar o comércio mundial a um patamar de competitividade enorme, gerou um "mar" de interdependências. Com isso, as empresas passaram a ajustar-se e a procurar inúmeras alternativas e a criarem adaptação a essa concorrência mundial. O papel desta globalização foi apresentado, então, ao mundo, no sentido em que as empresas poderiam romper barreiras, interagindo diante de um sistema não mais de cariz local, regional ou nacional, mas antes mundial. Modernizaram-se, assim, as formas sociais e as técnicas de organização da produção e do trabalho para amenizar o desenvolvimento desigual em escala, tanto nacional, quanto regional ou mundial, pelo que estamos aqui perante uma inevitável mudança organizacional das empresas. Para estas, isto significou alargar os "horizontes", daquele que era o seu modelo funcionamento, o que acabou por incluir as relações laborais e a forma como se desenrolam dando-lhes uma conotação mais maleável e plástica, em virtude da dimensão real que a sua execução implica.

Para responder aos desafios da "era digital" são exigidas mais competências aos trabalhadores -do que aquelas inerentes apenas à tecnicidade da sua ocupação laboral e a exigência é crescente no sentido em que os trabalhadores possuam conhecimentos técnicos específicos, além das designadas soft skills, para desempenharem novas funções e em muitos casos novas profissões. Qualificações que se obtém, no entanto, mediante uma aposta clara num investimento pessoal correto e de qualidade.

Segundo dados recentes do Min. do Trabalho conclui-se que a geração mais bem qualificada em Portugal, ainda assim, continua a chegar ao mercado do trabalho apenas com o E. Secundário e quase 3/4 dos jovens trabalhadores, por conta de outrem no setor privado, não frequentam o E. Superior. Na realidade, Portugal mantém ainda um défice de qualificações ao nível do E. Superior. Poucos países terão uma diferença tão acentuada entre o número de estudantes inscritos no E. Secundário e aqueles que acabam por ingressar num curso superior, circunstância agravada ainda pelos efeitos colaterais da pandemia, que aliás veio reduzir o número dos trabalhadores, entre os 18 e os 34 anos de idade empregados no setor privado, em 4,2%. Mas, pior, mais de metade desta redução é explicada com o afastamento do mercado de trabalho daqueles que apenas tinham o 9º ano de escolaridade, facto que releva no nível das qualificações detidas.

Urge, portanto, convergir com os referenciais internacionais.

Isto significa para Portugal um investimento crucial, particularmente, apostado na prioridade aos sistemas de educação e formação e com isto fazer-se a inevitável ligação ao mundo do Trabalho, que se encontra em mudança.

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