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Artigo de Opinião

28/07/2023 08:00

Do domínio do isotérico residiu a afirmação que o PSD/Madeira e o Chega "trocaram juras de amor", adiantando mesmo que "é com este partido populista que Miguel Albuquerque decidiu se unir"! Mas esta gente está a falar do quê?! Entrámos definitivamente numa dimensão paralela?

Vem isto a propósito da teoria da normalização dos partidos da direita radical, numa pressão da esquerda para cercear o diálogo democrático à direita. Vamos por partes: sou daqueles que considera existirem mais pontos em comum entre o PSD e o PS, do que entre estes e os partidos nas franjas da reta ideológica. Tal como há mais pontos convergentes entre o PP Espanhol e o PSOE herdeiro de Filipe Gonzalez, do que entre estes e a direita saudosa do Franquismo, ou a esquerda anárquica, independentista, radical. Acontece que os partidos da esquerda europeísta decidiram, há alguns anos, e para sobrevivência dos seus líderes, cortar com a tradição democrática e não permitir, pela abstenção, que as suas contrafaces na alternância democrática e governativa subissem legitimamente ao poder, preferindo soluções inorgânicas do tipo "geringonça", em Portugal, ou "Frankenstein", como foi apelidado, mesmo por franjas socialistas espanholas. Trata-se de uma polarização forçada pela agenda pessoal de líderes, e não por uma pressão do eleitorado ou de movimentos sociais. "Normalizar" a chicana política, a partidarite mais básica, o interesse particular em vez do bem público. Isto sim, é normalizar. Alguém pode acreditar que o PSOE, que de forma ridícula festejou, com o apoio da comunicação social dócil e acéfala, uma estrondosa derrota, ainda agravada por estar no poder, partilha visão para o Estado Espanhol com partidos que querem... partir Espanha? E que dizer dos pacóvios cá no Luso Burgo que acham piada às independências das comunidades Autónomas da Catalunha e Pais Basco (pelo menos), não percebendo que temos alguma relevância por sermos um dos dois Estados da Península, mas que no dia em que houver 4 ou 5 seremos, provavelmente, a cauda dos países ibéricos? É mais ou menos similar a reconhecidos autonomistas que defendem a regionalização do continente, não percebendo que nesse dia seremos apenas mais uma Região no contexto nacional. Mesmo que a repartição do retângulo e os poderes das novas regiões nada se assemelhem às nossas, tudo é confundível no contexto nacional, e nós seríamos o primeiro alvo dessa confundibilidade. Seria normalizar a Península Ibérica, e normalizar as regiões do país.

Normalizar a boçalidade como nova "Postura de Estado", é algo que António Costa também tem investido. Que dizer da saída a meio de um Conselho de Estado onde o seu Governo ia ser escrutinado, inviabilizando o mesmo, com o pretexto de ir ver a bola no outro lado do mundo? Tudo normal! Conselheiros de Estado e Presidente tratados como garotos. Ainda na "bola", normal é usar recursos públicos para ir recolher apoios para um cargo europeu com chefes de governo da ultradireita, neste caso já "normalizados". Como também é o "novo normal" a desvalorização de indícios de corrupção na defesa (e quão especialmente sensível é a corrupção nesta área), pancadaria em gabinetes ministeriais, e decisões de milhares de milhões de euros tomadas por WhatsApp, num ambiente de associação de estudantes. Relativamente a isto devo estabelecer comparação com outros dois governos: se o de Sócrates tinha, alegadamente, uma presença difusa de gente desonesta, um líder ignorante e trafulha, mas que era organicamente funcional, e se o Governo de Santana era uma trapalhada generalizada, este governo Costa consegue tudo ultrapassar, congregando um conjunto original de requisitos para a sua demissão. Mas Costa, mais uma vez, normalizou. Conseguiu passar a ideia de que com qualquer outro governo seria o mesmo. Que o problema não é dos inaptos que escolheu para o "Governo dos melhores", mas do "ser português". Somos todos assim, não há solução. Normalizou a bandalheira.

Deixo uma última palavra para a turbulência no maior partido da oposição madeirense, o JPP, partido que resolve os problemas da Madeira com um ferry. Vamos em breve saber qual a percentagem de discussão familiar e qual a dose de encenação.

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