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Artigo de Opinião

Investigador na área da Educação

15/09/2025 07:30

Acaba de ser divulgado o estudo referencial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) Education at a Glance 2025. Entre inúmeros indicadores, que a prudência obriga a fazer a devida análise ponderada e de forma atempada, destaca-se, desde já, o facto do número de pessoas com baixos estudos, que frequentam cursos vocacionais ou profissionais ter caído de 9% para 4%, entre 2013 e 2023. Isto, após um período de assinalável convergência que Portugal vinha demonstrando com os restantes países europeus. Refira-se, aliás, comparativamente, que a média dos 38 países da OCDE é de 7% do total de pessoas com baixos estudos a frequentar cursos vocacionais ou profissionais.

Entre os motivos apontados pelo Relatório, para esta quebra, encontram-se os cortes no financiamento desta área formativa e, paralelamente, a opção governativa, segundo é referido no Relatório, na “descontinuidade do programa Novas Oportunidades” iniciado em 2005 e sua substituição pelos centros Qualifica.

Num momento em que são visíveis sinais de retoma económica, melhorias no desempenho e crescente aposta nas iniciativas privadas empresariais, não podem ser desvalorizados todos os indicadores que permitem aderir uma ligação entre a Educação, o Emprego e o Trabalho.

Ora, as qualificações dos trabalhadores desempenham um papel essencial em diferentes dimensões, quer no desenvolvimento individual, quer no fortalecimento das empresas e no progresso da sociedade. Para o trabalhador estar qualificado significa ter mais facilidade em conseguir e manter um emprego, além de abrir caminho para crescimento profissional e melhores remunerações (mais de 80% dos trabalhadores com ensino superior têm um rendimento acima da média em Portugal e cerca de um terço ganha mais do dobro de acordo com o Relatório). A qualificação também aumenta a confiança, a satisfação pessoal e a capacidade de adaptação perante as novas tecnologias e as mudanças no mercado.

Para as empresas, por seu lado, a presença de profissionais qualificados coincide com maior produtividade e qualidade no trabalho realizado. Além disso, reduz erros, desperdícios e custos operacionais. De resto, trabalhadores devidamente qualificados contribuem para elevar a competitividade da organização e oferecem mais flexibilidade para enfrentar novos desafios e transformações.

Para a comunidade, o incremento na qualificação dos trabalhadores representa um motor de desenvolvimento económico, aumenta a produtividade e impulsiona a inovação. Contribui para reduzir o desemprego, promove a inclusão social e fortalece o progresso coletivo. Uma sociedade formada por trabalhadores qualificados adapta-se, de resto, com mais facilidade às transformações globais, especialmente em tempos de rápidas mudanças tecnológicas. A todo este propósito, não deixa, aliás, aqui, de ser relevante que para a OCDE, facto amiudadamente referido nos Relatórios, a constatação de que por cada ano de escolaridade a mais na média da população dos países, o Produto Interno Bruto (PIB) sobe 0,5%.

Querer convergir com os referenciais internacionais significa, portanto, para Portugal, um investimento crucial, particularmente apostando na prioridade aos sistemas de educação e formação, fazendo mesmo coincidir os discursos políticos com efetivas opções de política educativa e afetação dos recursos. Indiscutivelmente, este desígnio, conecta-se com o objetivo da coesão social.

Não olvidemos, portanto, que as qualificações dos trabalhadores devem ser vistas como o elo entre o trabalho – como atividade humana, e o emprego - enquanto forma organizada e remunerada dessa atividade.

Eis, pois, porque, estamos absolutamente convictos que quanto maior o alinhamento entre as qualificações e a sua consistência, mais sólida é a relação entre Trabalho e Emprego.

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