A investigação constitui um dos pilares fundamentais para o avanço do conhecimento humano e para o desenvolvimento da sociedade. Por meio da pesquisa é possível compreender de maneira mais profunda os fenómenos naturais, sociais e culturais, que compõem a realidade. Investigar implica buscar respostas para questões relevantes, formular hipóteses e testar teorias, contribuindo assim para a produção de saberes que orientam a prática científica e profissional.
Se contribui para o surgimento de novos conhecimentos, a investigação desempenha, ainda, um papel essencial na resolução de problemas concretos que afetam a coletividade. Deve, aliás, respaldar a tomada de decisões fundamentadas, favorecendo a inovação tecnológica e a melhoria de políticas públicas.
Epistemologicamente, sustenta o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo. Sob o prisma individual, ao investigar, o indivíduo aprende a questionar, analisar informações de forma objetiva e argumentar com base em evidências, libertando-se daquilo que empiricamente são os impulsos das respostas fáceis, “pré-fabricadas” ou porque estão na moda.
Mas, mais, uma verdadeira atitude investigadora é indispensável, não apenas no âmbito académico, como na vida quotidiana, se levarmos em linha de conta, que com esta atitude, se vai construindo uma cidadania mais consciente e participativa. De resto, investigar com esta amplitude, não radica em mera atividade intelectual, mas também como um processo contínuo de construção e reconstrução do conhecimento, através da pesquisa permanente e do questionamento contínuo. Permite impulsionar o progresso científico, cultural e social, consolidando-se como um instrumento indispensável para compreender e transformar o mundo de forma ética, responsável e sustentável.
Dewey na sua, já célebre, obra Education and Democracy, propugna por um sistema público de educação informado e ativo. Esta, aliás, é inapelavelmente uma dimensão que acaba por nos remeter para uma perspectiva multiforme, onde a política na educação se deve encontrar em vários níveis e não apenas ao nível governamental.
Não estando àquela confinada, e sendo assim de domínio alargado, investigar deve surgir como resultado de todos os que querendo apostem na investigação educacional e vejam, num debate mais amplo, sobre o questionar as matérias educacionais e as políticas educacionais, como uma área particularmente significativa, uma vez que contribui para a existência de uma cidadania plena, democraticamente madura.
Pugnar, portanto, para se criar, pela educação, um conjunto de cidadãos informados e ativos é indiscutivelmente um dos papéis da educação em democracia.
Na área da educação, todos podem em função das suas apetências e convicções, ser encorajados a sentirem-se membros de uma comunidade de investigadores e deverão poder participar em debates sobre investigação; e, sobretudo, dentro da utilidade que esta deve ter em termos escolares, ser devidamente orientados para uma investigação e recolha de dados, que levem em conta a sua própria prática profissional.
Mas, também, as próprias investigações, nos domínios das políticas educativas, devem estar disponíveis e alcançáveis por todos, avultando como inesgotáveis fontes de recurso e áreas de trabalho, devido à sua capacidade de inspirar as tomadas de decisão dos políticos, mesmo ao nível da escola, e de encorajamento para as avaliações que devem ser realizadas.
A investigação na educação depende, assim, e sustenta ainda uma reflexão sobre práticas. Efetivamente, as investigações sobre as políticas educativas requerem, na visão que pretendemos transmitir, uma reflexão quotidiana sobre as construções formais das práticas escolares. Com estas, e através do seu conteúdo, se poderá apoiar o projeto mais global de educação para a democracia, na ótica de contribuir para uma cidadania informada e ativa nas escolas e, sobretudo, para um papel que esta deve prosseguir que é o da coesão social.