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Artigo de Opinião

Investigador na área da Educação

8/01/2024 08:00

Em finais de 2023 foi divulgado, sem, no entanto, ter merecido o devido destaque de análise, o PARECER SOBRE A PRODUTIVIDADE E A QUALIDADE DO EMPREGO do CES https://ces.pt/wp-content/uploads/2023/10/Aprovado-em-Plenario_Parecer-Produtividade.pdf

Entre inúmeros tópicos de reflexão, que aqui são aludidos, e que, per se, mereceriam devida ponderação política, por quem tem responsabilidades de governação, aquele que diz respeito especificamente à ligação entre a produtividade da economia portuguesa e o investimento na qualificação e no reconhecimento e valorização da experiência dos trabalhadores e dos gestores, é para nós algo de determinante.

Vem este apport a propósito, também, num momento em que muito recentemente Jacques Delors faleceu com 98 anos. Muito se tem referido sobre o seu inquestionável papel de “construtor da europa”, enquanto líder europeu pragmático, que colocou em ação os desígnios mobilizadores inspirados nos ideais fundadores da Comunidade inscritos, entre outros, por Adenauer, Monnet e Schuman, lançou o Mercado Único e o Euro; e ao seu contributo na adesão de Portugal em 1986 e nos anos subsequentes.

No que respeita, contudo, à importância da educação, no que se cruza com aquilo que antes assinalámos, Delors está indelevelmente ligado através do livro EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR, Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI (1996), onde se vaticina que perante os inúmeros desafios do futuro, a educação surge como um trunfo indispensável à humanidade, na sua construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social. Trata-se para muitos, ainda, de uma espécie de “legado” (sublime, diga-se!), de final do mandato da Comissão Europeia, que havia sabiamente presidido durante uma década (1985-1995).

É neste Relatório, hoje incontornável, quando se pretende analisar a educação, na sua dimensão holística, que são alinhados quatro pilares fundamentais: aprender a conhecer -adquirir instrumentos de compreensão-, aprender a fazer -para poder agir sobre o meio envolvente-, aprender a viver juntos -cooperação com os outros em todas as atividades humanas-; e, finalmente, aprender a ser -conceito principal que integra todos os anteriores-. Tudo isto, sabendo-se que nas dimensões da complexidade da vivência humana, como tão bem Morin enfatiza quando resume que -apesar de racional o ser humano, não se limita à racionalidade-, sendo fundamental a prática vivencial, na qual o individuo está inserido.

Mais do que nunca, deve trazer-se à evidência, tanto nas oportunidades, como nos riscos, que tudo aquilo que se assinalou são verdadeiros desígnios que se aliam ao futuro do trabalho.

Sobretudo, coloca-nos a necessidade, sem tibiezas, de reforçar a premência em reagir aos desafios estruturais que a produtividade em Portugal acaba colocando. Formação, qualificação dos trabalhadores e dos gestores aliam-se, não duvidemos, ao esforço competitivo nacional, que não deverá ser mais desvalorizado ou esquecido. Acrescem ademais -e como parte da resolução do problema-, estamos absolutamente convictos, as condições de trabalho e os estímulos para incentivar os empregadores a investirem de forma igual em todos os trabalhadores através de iniciativas de formação, reconversão e atualização.

Os indicadores são, pois, relevantes. Correspondem, aliás, a compromissos que os países europeus estabeleceram para 2030 e Portugal subscreveu. Traduzem, na sua essência, a estratégia da UE para o crescimento e o emprego para a década em curso. Colocam Portugal perante o desafio do crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, como forma de superar as deficiências estruturais da economia melhorar a sua competitividade e produtividade e assegurar uma economia social de mercado sustentável.

Prova-se, pois, o mérito relevante do papel que à educação deve ser cometido e a simbiose que deve existir entre produtividade e qualificação.

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