MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Médico-Dentista

22/12/2024 08:00

Aposto que, por estes dias, já ouviram esta frase vezes sem conta. Normalmente ecoa quando alguém está a cometer algum excesso e procura, de alguma forma, penitência. Uma sandes de carne vinho e alhos antes ou depois do jantar? “É o que lembra”. Pedir a 5.ª poncha e jurar que ainda é a 2.ª? “É o que lembra”. Roer meio saco de broas e 3 quartos de um bolo de mel a meio da tarde? “É o que lembra”. Aproveitar a descida da temperatura, ainda que de meio grau centígrado, para ir buscar o casaco mais quente e a cheirar a mofo? “É o que lembra”. Reclamar todo o santo dia por acordar cedo para ir trabalhar e mal tocar com o rabo na cama para ir às missas do parto todas? “É o que lembra”.

Por sorte a minha memória vai ficando cada vez mais fraquinha. E há coisas que me saem da boca e depois esqueço! Palavra de honra. Os meus filhos que o digam... “É hoje que nos lês uma história, como prometeste?!”. Eu? Prometi? Não me recordo. O melhor é ligarem o tablet e verem tiktoks, respondo eu invariavelmente. Porém, queixam-se eles que, menos de 5 minutos depois, apercebo-me que estão colados aos ecrãs e os mando, como castigo, desligá-los e dormir.

Ou a minha mulher... Que não há dia que me informe que “hoje não contes comigo para almoçar”, sem que eu lhe diga: “hey hey hey... que conversa é essa? Vais comer às 13h e só te lembras de me dizer isso agora às 7:30?! Isso é assim em cima da hora? Queres ver que qualquer dia só me avisas que não vens dormir a casa no dia seguinte?”. Ela, coitada, lá me explica: “Pedro, não sejas assim. Eu já te tinha dito. Lembras-te daquele dia em que jogou o Benfica e que me sentei ao teu lado no sofá a comentar contigo que a minha mãe tinha passado para me dar um beijinho e que tinh...”. Parou. Não é preciso ir mais longe. Se estava a dar futebol e ela falou na mãe e eu respondi “hum, hum”, é porque ela tem razão e disse mesmo. “Tens razão. Já me lembro. Vai sim. Bom almoço. E não te preocupes com o jantar. Trato eu!”. Ufa.

No entanto, esta minha pouca apetência para reter informação pode não ser muito nefasta. Por exemplo, Miguel Albuquerque dizia, por estes dias, que “não é uma hipótese descabida. É uma hipótese que deve ser considerada, tendo em vista a evolução da nossa sociedade”. No momento pensei que ainda se estivesse a referir ao reforço da habitação cooperativa na Região, coisa que já o tinha feito no ano passado (se a memória não me atraiçoa). Mas não!!! Gabando-se, lá concretizou. “Eu penso sempre fora da caixa — nunca me dei mal por causa disso — e acho que temos de começar a considerar, para o futuro — não é para mim —, planear com tempo um segundo aeroporto na Madeira”. Valha-me Deus.

1.º nunca se deu mal por pensar fora da caixa? O que seria se se desse mal?! Pelo andar da carruagem não tarda e vai ser o político com mais eleições, no menor hiato temporal, no lombo.

2.º não é para ele?! Vai ser para quem? Para o Manuel António? Esqueça. Ele é mais para pescas.

3.º mais um aeroporto para quê? Para ainda virem mais turistas?! Isto mesmo já está bom. Não pense é em fazer mais uma via rápida, não...

E já agora, em que ficou aquela vontade de impor limites aos TVDE? Não foi o senhor que disse que “não podemos estar sujeitos ao mercado selvagem, onde toda a gente entra aqui, de qualquer maneira, sem regras de segurança”? E que “isto aqui não é a Cochinchina”? Ia jurar que sim... E eu concordo!

Por sorte, o IMT já mandou cessar a actividade daquela plataforma TVDE exclusiva para mulheres, de seu nome Pinker. Digo por sorte porque, caso contrário, era mais uma a vir para a maMadeira, mas não só. Onde já se viu, numa época em que se exige igualdade de direitos, restringirem-me o de andar de cu tremido nos mesmos carros que as ladies?

Era só mesmo o que faltava.

Vão, mas é fazer a lapinha que é o que lembra!

Ps, Bom Natal para (quase) todos.

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