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Artigo de Opinião

4/12/2025 08:00

Em Portugal, a pobreza ainda existe. Esta semana houve uma recolha de alimentos doados por todos para o Banco Alimentar Contra a Fome. É ainda necessário ajudar algumas famílias para que estas não passem fome. E não é só no Natal.

À volta das associações que ajudam há muito burburinho; quando oiço, penso sempre: há coisas que só quem passa por elas sabe o que são. E passam por isso muitos, em Portugal... abrir um frigorífico vazio, receber o ordenado e ficar com quase nada na conta e com menores em casa; ter um filho aflito ou desmotivado com o insucesso escolar e não o puder ajudar; viver numa casa sobrelotada, com pessoas com quem não queria viver.

Há muita discriminação em relação a quem é pobre. A culpa de ser pobre é do pobre? Um exemplo é quando alguém nos pede dinheiro: insistimos em dar comida, como se um pobre só precisasse de comer. Uma vez ouvi: “Senhora, já me deram 10 bolos hoje; eu preciso é de dinheiro.”

Em Portugal existem quase 2 milhões de pessoas em risco de pobreza, que têm menos de 600 e poucos euros para passar o mês, e 9% dos trabalhadores em Portugal estão em risco de pobreza. Passam fome?

“Eu vivia em paz e agora estou no inferno. Uma em cada seis famílias vive em casas sobrelotadas.” — Jornal Expresso.

Adoecem?

Como sair da pobreza? Temos exemplos de pobres que ficaram com muito dinheiro, a maioria porque foram “excelentes” em algo e muito bem pagos por isso. Alguns tornaram-se famosos e são seguidos por pobres que, erradamente, acreditam que ser rico é ter coisas.

Antigamente, ser rico financeiramente era saber mais: tinham mais habilitações e mais cultura (viagens, participação em eventos culturais). Hoje, se formos às redes, é ter e ter — objetos de luxo.

Hoje, quem fica rico não vai acabar o secundário que não terminou, nem tirar o curso de sonho. Vai comprar coisas? Afinal, podemos perder tudo, menos as habilitações e a cultura que temos. Ao contrário do que se dizia, o saber parece que ocupa espaço, porque a ignorância está a ocupar muito mais — “está a minar o mundo”. Existem muitos ignorantes milionários e com muitos seguidores... Não o fazem por mal; são ignorantes.

Temos de combater isto! As desigualdades sociais são um grande problema e começam na escola. A classe média, que se afasta da classe social mais baixa, consegue, pelo investimento que faz, pagar explicadores e atividades extracurriculares. Existe um novo projeto da Gulbenkian que leva explicadores a alunos de bairros mais pobres — algo que a associação Abraço, no Funchal, faz e defende.

A solução para acabar com a pobreza não é aumentar as ajudas: é aumentar os ordenados dos pais e garantir educação e cultura para os filhos. O sucesso escolar é possível se houver condições dadas aos professores para responder às necessidades dos alunos.

Os países são desenvolvidos quando garantem bons ordenados, Educação e Saúde Publica de qualidade.

Ser pobre é aumentar a probabilidade de ter e sofrer tudo de mal; e a responsabilidade da pobreza é do Estado. Sair da pobreza só é possível com a ajuda de todos.

Garantir os direitos laborais e aumentos de ordenado depende da luta de todos nós. O caminho para a pobreza é muito rápido em pessoas honestas que não herdaram nada e que vivem do seu trabalho.

“Sabendo que, em contextos mais desfavorecidos, há mais doença mental. A pobreza é um fator de risco, mas as desigualdades sociais são um fator de risco ainda maior.” — Enfermeiro José Carlos Santos

“A pobreza é persistente, sistémica, iletrada; transmite-se de pais para filhos.” — Fernando Diogo

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