O direito à greve é uma conquista da Democracia que deve ser respeitada; a mesma Democracia que nos dá legitimidade para opinar sobre a sua razoabilidade sem que nos coloquem rótulos.
Entre o legítimo direito à greve e a chantagem vai um pequeno passo, que me habituei a ver no Continente, mas não na Madeira, porque aqui as condições oferecidas aos trabalhadores, fruto da Autonomia, sempre foram melhores.
Infelizmente, a situação tem mudado, com a vinda para a Região de sindicatos nacionais, como é o caso do Sindicato Nacional dos Motoristas, que replica a mesma receita do Continente – incluindo o churrasco.
O Sindicato dos Professores da Madeira parece querer seguir o mesmo caminho. O que impressiona é ver tudo aquilo que foi conseguido – e bem – pelos professores na Madeira comparativamente ao Continente e o nível de reivindicação que se assiste, como se nada tivesse sido alcançado.
Compreendo que os dirigentes sindicais tenham de mostrar trabalho – até para justificarem a sua existência – e é importante que em Democracia assim o façam, mas com critérios de razoabilidade.
Atirar para a praça pública que dentro do Governo há um vilão – onde é que já ouvi isto?! – que inviabiliza acordos, insinuando que poderá ser o próprio Presidente do Governo ou o Secretário das Finanças – o bode expiatório predileto dos “despesistas” –, é um golpe baixo que se dispensava, não só pelo esforço que o Governo – liderado por este mesmo Presidente! – tem feito ao longo dos anos para melhorar as condições dos professores na Região, mas também pela própria credibilidade das reivindicações.
Santa Cruz – nunca é tarde para assumir os erros
Como residente no concelho, tenho lido atentamente os planos da nova vereação da Câmara Municipal de Santa Cruz para os próximos quatro anos.
Depois de 12 anos de “Chavismo” e de colorir o concelho (a parte litoral, para sermos mais precisos) de luzes e de flores, parece que a estratégia passa agora pelo planeamento, tendo sido anunciada, com pompa e circunstância, uma “nova era” materializada num “programa social e reforço das políticas ambientais” e, mais recentemente, numa “estratégia local para a habitação”.
Esta anunciada nova era de “gestão focada no planeamento”, para além de vir atrasada 12 anos, é o assumir pela recém-eleita Presidente da Autarquia que nos últimos três mandatos não houve qualquer tipo de estratégia e de planeamento para o concelho – e nisto está totalmente certa.
Vivendo numa franja abandonada do concelho, onde não chegam luzes nem flores – que de resto dispenso –, nem limpeza de passeios e de caminhos, nem recolha de lixo suficiente – estes muito necessários, mas que fui forçado a dispensar –, e apesar de ter apoiado o projeto político vencido nas eleições de outubro passado, espero sinceramente que as intenções da vereação eleita não passem de meras promessas, porque já chega de ver o concelho parado no tempo enquanto outros prosperam, de assistir à falta de investimento no saneamento básico e nas redes de água e à total inabilidade para captar investimento, emprego e riqueza para Santa Cruz.
E já agora, porque já são poder há 12 anos, que o JPP deixe de culpar o PSD e o Governo pelos seus erros, pela sua falta de estratégia e por tudo o que corre mal em Santa Cruz. Não só porque não é sério, mas também porque retira o foco no essencial, que é o trabalho que esta vereação tem de levar a cabo para melhorar as condições de vida dos que nasceram e dos que escolheram viver em Santa Cruz, e que merecem muito mais do que têm recebido nos últimos anos.