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O que é que os portugueses precisam de saber sobre o mercado cripto a meio de 2025?

Data de publicação
29 Outubro 2025
16:51

O primeiro semestre de 2025 tem sido tudo menos aborrecido para quem acompanha ativos digitais em Portugal. Em pleno rescaldo do halving de 2024, o Bitcoin voltou a ultrapassar a fasquia dos 100.000 euros. A volatilidade reacendeu tanto o debate regulatório como o interesse do público.

Já 12% dos residentes em Portugal declararam ter contacto directo com criptomoedas, face à média europeia de 8%. Esta discrepância explica-se, em parte, por incentivos fiscais introduzidos em 2023 e pelo aumento da comunidade de nómadas digitais que encontra em Lisboa um hub tecnológico. Mas esse mercado tem outras nuances.

Termómetro cripto: O mercado pós-halving

O pico de maio não surgiu do nada. Desde que os ETFs spot foram aprovados em vários países da UE, as entradas líquidas nesses fundos superaram 4,2 mil milhões de euros no primeiro trimestre, o que ajudou a sustentar a procura por Bitcoin. Todavia, a reabertura gradual das posições curtas, sobretudo em bolsas norte-americanas, trouxeram uma correcção de quase 15% em menos de dez dias.

O recuo é atribuído à combinação de realização de lucros e receios em torno da política monetária do BCE, que manteve os juros directorais nos 3%, mas sinalizou maior cautela após a subida do petróleo. Apesar da constante busca pelas próximas criptomoedas que vão explodir, os efeitos alastraram-se às altcoins.

O Ether recuou para a zona dos 4.200€, enquanto novos projetos ligados a inteligência artificial e tokenização de activos reais (RWA) viram capitalizações reduzir-se em média 8%. Ainda assim, a liquidez global permanece alta.

Regulação e IRS: O que mudou em 2025 em Portugal


No plano doméstico, o grande tema é a implementação do Regulamento europeu MiCA. Em janeiro, o Banco de Portugal publicou um comunicado explicando que, enquanto o diploma nacional de execução não for promulgado, não poderá aceitar novos pedidos de registo de prestadores de serviços sobre ativos virtuais (CASP).

Na prática, as 7 entidades já licenciadas continuam a operar, mas startups que pretendem instalar-se cá veem-se forçadas a aguardar a lei de transposição, prevista, mas ainda não aprovada, para o terceiro trimestre. Já no capítulo fiscal, mantém-se o regime introduzido no Orçamento do Estado para 2023.

Mais-valias obtidas com criptomoedas detidas por menos de 365 dias pagam 28% de IRS, salvo englobamento, e lucros provenientes de ativos mantidos por período superior continuam isentos. Essa janela fiscal, aliada aos programas de “golden visa” tecnológicos de Lisboa e Braga, continua a atrair estrangeiros, mas exige do investidor residente um planeamento temporal mais cuidado.

Ferramentas de monitorização em tempo real e segurança de activos

Embora o preço continue a dominar as manchetes, a palavra-de-ordem entre analistas residentes em Portugal é contexto. Painéis como TradingView ou CoinMarketCap servem para o day-trader, mas o fluxo de “macro-dados” vem cada vez mais de análise de on-chain.

O relatório “Seeking Liquidity” mostra, por exemplo, que as entradas de Bitcoin em bolsas caíram de 6,1 mil milhões para 2,8 mil milhões de dólares desde o pico de dezembro, acompanhadas por uma retracção de 65% nos volumes de realização de lucros, sinal de que o mercado está em fase de lateralização e acumulação.

Para quem investe a partir de Portugal, métricas como Exchange Net Position Change ou Entity-Adjusted Transfer Volume funcionam como um “semáforo” que evita decisões de curto-prazo baseadas apenas no preço. Por outro lado, a sofisticação do cibercrime evolui tão depressa quanto a tecnologia. Então, antes de expandir a carteira de tokens, vale a pena rever as bases.

Uma carteira air-gapped, mantida física e permanentemente offline, continua a ser a melhor proteção contra malware e key-loggers. Para operações diárias, carteiras de hardware como Trezor ou Ledger oferecem um equilíbrio entre conveniência e isolamento, mas exigem actualizações de firmware e cópias de segurança das seed phrases.

O Centro Nacional de Cibersegurança recomenda activar duplo factor de autenticação (2FA) em todas as exchanges e usar gestores de palavras-passe com encriptação de nível bancário, adoptando igualmente VPNs que evitem IP spoofing.

Tokenização, convergência com IA e iniciativas da União Europeia

Se 2021 foi o ano dos NFT e 2023 o da DeFi 2.0, 2025 começa a ganhar o selo da tokenização de activos reais (RWA). Startups já integram blockchain no modelo de negócio, indício de que o ecossistema local está maduro para acolher emissões digitais de obrigações ou de real-estate tokenizado.

No plano europeu, a European Blockchain Sandbox seleccionou recentemente projectos como o Blocksquare, dedicado à fraccionação de imóveis, para a sua terceira vaga de pilotos, validando a compatibilidade destes modelos com a legislação MiCA.

A Comissão Europeia passou a integrar a tokenização de RWA na estratégia de “Virtual Worlds & Digital Transactions”, salientando a necessidade de identidades descentralizadas e provas de reserva automáticas.

Com a junção da IA generativa, capaz de auditar smart contracts em tempo real, o mercado ganha eficiência, mas também eleva a fasquia regulatória. Algoritmos que decidem colateralizações precisarão, em breve, de certificação junto da Autoridade Europeia de Valores Mobiliários.

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