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Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

10/11/2022 08:00

As recentes mudanças no panorama político mundial são um bom exemplo das voltas que o mundo dá: o Reino Unido ganhou um novo primeiro-ministro, cuja ascensão ao poder se concretizou num curto período de sete anos, não lhe faltando desafios pela frente se quiser tirar o país do abismo em que mergulhou, curiosamente (ou talvez não!), após o Brexit; Giorgia Meloni (extrema-direita) tomou posse como primeira-ministra italiana, tornando-se a primeira mulher a assumir este cargo na história do país; Bolsonaro arruma as malas (contrariado), demorando quase 48 horas a reconhecer a derrota eleitoral; no oriente, o novo homem-forte do PCC, mostra que depois de Deus no céu, há apenas Xi Jinping na Terra, com poderes ilimitados, antevendo-se um ciclo doutrinal ainda mais austero para a população chinesa, cuja liberdade de expressão se vê cada vez mais comprometida perante o regime imposto pelo "Líder do Povo".

A este propósito, não deixa de ser surpreendente a recente visita do Chanceler Olaf Schulz à China, numa altura em que se olha com alguma preocupação para oriente. Ainda que as relações comerciais tenham sido o principal motivo desta visita oficial, não deixa de ser curiosa esta postura da Alemanha, quando tão recentemente a própria Presidente da Comissão alertou para a necessidade de não repetir as dependências excessivas da UE, nomeadamente no que se refere ao fornecimento de matérias-primas provenientes da China, deixando claro que combater "a ingenuidade europeia" é uma prioridade, mas que tal só será possível se a Europa falar a uma só voz.

Entretanto, está em curso uma nova tentativa (a 27ª!) de contrariar os avanços das alterações climáticas, com a realização da Conferência das Nações Unidas, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh. Não querendo ser pessimista, até porque a gravidade da situação merece toda a atenção, não me parece que estejam reunidas as condições para sair desta COP respostas concretas aos problemas que o planeta enfrenta. Num contexto de incertezas (várias) decorrentes das tensões políticas causadas pela invasão russa, a que se junta o drama da inflação galopante (com consequências sociais significativas), a crise climática corre o sério risco de passar para segundo plano, uma vez mais!

O mundo precisa de ações locais, sem descurar as legítimas e pertinentes preocupações globais, nomeadamente a intenção de conter o aquecimento global nos 1,5/2º C. Mas é importante que se reequacione a forma como se comunicam as alterações climáticas junto dos cidadãos, pois não devem ser esquecidos os resultados positivos alcançados em matéria de sustentabilidade ambiental. A nível europeu, a recente aprovação da proposta da Comissão para acabar com a venda de veículos novos a combustão a partir de 2035 representa uma medida concreta rumo à descarbonização. Contudo, é preciso que se explique aos cidadãos que a medida não obriga ninguém a mudar o veículo que já possui. A medida aplica-se apenas aos veículos novos, tornando o sistema de transportes da UE mais sustentável rumo às metas definidas para o Pacto Ecológico Europeu. Em suma, é preciso pensar global mas agir local, sem camuflar os problemas e assegurando o devido destaque às pequenas conquistas que entretanto se vão concretizando.

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