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Artigo de Opinião

Economista

29/01/2022 08:00

Com 21 anos perdeu todos os seus familiares em Auschwitz, mas conseguiu esconder-se do regime nazi à conta de algumas boas almas que lhe deram refúgio e alimentação. Acabou por ser detida em 1944 e deportada para o campo de concentração de Theresienstadt. Sobreviveu e em 1946, mudou-se para os EUA com o seu marido, Adolph Friedländer, que conhecia de Berlim e que reencontrou em Theresiensadt.

Esta semana, em que se assinala internacionalmente o 77º aniversário da libertação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, Margot Friedländer, hoje com 100 anos, discursou no Parlamento Europeu onde apelou à vigilância coletiva contra atentados à humanidade - nas suas palavras "quando alguém nega a humanidade de um ser humano". Lembrar as vítimas do Holocausto significa também defender os direitos humanos no mundo de hoje, daí a campanha #WeRemember em torno do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Uma mensagem essencial nos dias de hoje, quando o antissemitismo volta a levantar a sua voz na Europa. Em novembro de 2021, a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia publicou um relatório que aponta para o crescimento do discurso antissemita durante a pandemia de covid-19, sobretudo online, com o aumento do discurso de ódio alimentado pelo movimento dos negacionistas contra as vacinas para combater a covid-19 e as restrições impostas para travar a pandemia.

Infelizmente persistem demasiados atropelos à dignidade humana à escala mundial. Exigem a nossa vigilância constante. Na próxima semana decorrerá a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno na China. Talvez, ao invés de concentrar as nossas atenções nas medidas "zero covid" do regime chinês em tentar encapsular a aldeia olímpica, devêssemos olhar mais para o contexto dos direitos humanos na China.

Os EUA, o Reino Unido e o Canadá declararam um boicote diplomático aos jogos devido aos abusos sobre os direitos humanos na China atual. A lista de atrocidades infelizmente é longa e pesada: a repressão da sua população muçulmana dos Uigures (onde existem o que chamam "campos de reeducação" mas que trazem à memória os de concentração pois há provas de trabalho forçado, abusos, tortura e a prática de esterilização das mulheres); os atropelos à identidade tibetana; as incursões militares no espaço aéreo de Taiwan; as restrições da liberdade do povo de Hong Kong; e não esquecer o desaparecimento forçado da campeã de ténis Peng Shuai depois de ter acusado o ex-PM de assédio sexual.

Nas palavras do escritor e também sobrevivente dos campos de concentração Elie Wiesel: "Eu prometi que nunca me silenciaria quando e onde seres humanos estivessem em sofrimento e humilhação. Temos sempre que escolher lados". Não podemos ficar indiferentes perante meros fatores financeiros ou militares mais poderosos. Nada pode justificar a passividade perante repetições de crimes contra a humanidade.

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