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Artigo de Opinião

GATEIRA PARA A DIÁSPORA

29/08/2023 08:00

Pelos lados do Paul do Mar, fiquei muito mais atento às mangueiras, aos araçareiros - designação que deriva do tupi - e às papaieiras, e via-os por todo o lado, como se sobressaíssem da paisagem. Pelos passeios do Jardim, também do Mar, uma outra senhora deu bananas às meninas e nós palavras. A Madeira assim ainda existe, bem como a Madeira da solidariedade que prepara todos os anos o tapete de flores para a Festa do Santíssimo Sacramento na Camacha! No Jardim, ouvi falar de A Fábrica de Prazeres, uma antiga fábrica abandonada de curtumes nos Prazeres. É agora dinamizada pelo Vlad, ucraniano cujos pais foram até à Alemanha há muito tempo, e que há cerca de sete anos chegou à Madeira e pensou que era um local onde gostaria de morrer, não sem antes viver o que ainda merecesse. Em Setembro, reabrirá a exposição O Hawaii e a Madeira pelo fotojornalista alemão Stefan Nimmesgern. Numa das salas, há várias fotos dos dois arquipélagos sem indicar a qual correspondem. Muitas vezes não se sabe onde começa o Hawaii e acaba a Madeira. Agora, o Hawaii alerta-nos para o facto de termos de cuidar da Madeira, como, no passado, a Madeira já nos tinha alertado para o inverso. Não deixemos passar a oportunidade de dar um novo fôlego cultural a esta parte do arquipélago e ajudemos o Vlad a ajudar-nos.

Na rua da Carreira (Funchal), há uma loja de instrumentos de música e até uma Kora por lá vi, instrumento que até recentemente só os homens podiam tocar. Na Madeira, também só os homens tocavam nas bandas paroquiais até que aconteceu o contrário na Banda Paroquial de São Lourenço (Camacha), que celebra os seus 50 anos. O senhor Rodrigues da loja, explicou-me que o seu pai tinha sido a pessoa que dinamizou a projecção de cinema na Camacha já na década de 50. Quem quiser ver uma das máquinas que utilizou, está em exposição na junta de freguesia desta última localidade.

A imprensa diária regional também me deu conta de que Paulo Esteireiro - um musicólogo que não sendo madeirense também se debruça sobre a música deste arquipélago - lançou um novo álbum, Braguinha Lírico. Está bem acompanhado, em muitas das composições, pelo Professor Mário André. Algumas das músicas já estão disponibilizadas no YouTube, incluindo Fronteira em mim, que é uma «canção de despedida num contexto de festa». Inspira-se numa mourisca («A festa está rija / está tudo contente»), mas parece que também se inspira num ilhéu que já sabe que está prestes a partir - qual outra senão essa a verdadeira condição de um ilhéu? «Da vida não levo mapas / Passarei a fronteira em mim / Levo apenas estes caminhos / E o mar azul sem fim».

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