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Artigo de Opinião

Coordenadora regional do Bloco de Esquerda

28/10/2021 08:01

Só para Costa e Marcelo parece ser excelente. Faz-nos lembrar aquela história do soldado a marchar na parada (com a mãe a ver)...

O Presidente da República tem tido, aliás, um dos piores momentos do seu mandato. Porque muito antes de o OE ser apresentado publicamente aos partidos já ameaçava com o fantasma, ou o diabo, das eleições antecipadas, condicionando os partidos - não o Governo, que até é minoritário - e, deste modo, enviesando a negociação e, claro está, tentando condicionar a opinião pública. Mas também porque, contra a corrente do país, insiste em afirmar que este é o melhor OE dos últimos anos, quando todos os outros dizem que não serve, que não responde à crise nem aos próximos desafios dos país.

Há momentos em que é preciso pôr de lado a veia de comentador político e, ouvindo quem tiver de ouvir, exercendo a magistratura de influência que tiver de exercer, abster-se de comentar. É para o bem de todos! E o mais sensato...

Em 2015, foi possível uma convergência de esquerda entre Bloco de Esquerda (BE), Partido Comunista Português (PCP) e Partido Socialista (PS), que, com um objectivo comum de combater a estratégia de empobrecimento das e dos portugueses, reverteram algumas das medidas impostas pela "troika", mormente no campo da reposição de salários, que o governo de Passos Coelho e Paulo Portas tanto procurou cortar, porque queriam ir mais longe, serem mais "troikistas" que a "troika".

Tempos de má memória (mas que alguns já esqueceram) para tantas e tantos de nós, que vimos pais e filhos partir; que vimos retornar, a casa de pais e avós, quem perdeu a casa por que tanto se sacrificou e lutou; que tantos despedimentos e cortes de salários e direitos massacraram os trabalhadores; que rotulou o povo deste país de viver acima das suas possibilidades quando, afinal, a realidade veio a comprovar que quem assim viveu foi o sistema financeiro e capitalista que, sem fiscalização efectiva, teve o único propósito de garantir dividendos e lucros para os seus accionistas, fazendo-o à custa do trabalho dos outros.

Nessa altura, como agora, o Bloco de Esquerda foi claro nos seus objectivos.

Em 2019, o Bloco de Esquerda propôs ao Partido Socialista um acordo escrito com a premissa de continuar o processo de reversão das leis laborais impostas pelo governo PSD/CDS, que mantém a estagnação dos salários e das pensões, e com o compromisso de trabalhar em soluções para salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) do "assalto" dos privados. Este acordo, no entender do BE, permitiria ao PS garantir estabilidade governativa para a legislatura, neste que todos sabemos ser um governo minoritário e, como tal, obrigado a negociar.

Mas Costa, convencido da sua áurea de estratego político e exímio negociador preferiu arriscar. E arriscou tanto que se arrogou, demasiadas vezes nestes últimos dois anos, a pensar e a agir como se o seu partido maioritário na Assembleia da República se tratasse, ignorando as propostas da esquerda parlamentar ou procurando, algumas vezes a contragosto, consensos com ela, oferecendo-lhe migalhas ou acolhendo algumas das suas propostas para depois as cativar, em consecutivos orçamentos.

Em 2020, o BE anunciou um basta nesta política de "show-off" do governo socialista, que muito anuncia, mas que pouco ou nada executa. Nessa altura, como agora, fomos claros nos nossos objectivos.

Em 2021, o Bloco definiu e apresentou 9 propostas para a negociação do OE, que se aplicam a todo o território nacional de igual forma. Apenas 9. Foram propostas concretas, responsáveis e exequíveis, que assentaram em 3 áreas fundamentais: trabalho, pensões e SNS.

Propostas que permitiriam a recuperação de rendimentos, numa altura em que sobra cada vez mais mês no fim do ordenado, e que tem levado ao desespero de tantas famílias. O governo recusou-as todas. Nem sequer as quis negociar. Mais: pretendeu impor ao Bloco de Esquerda, no "show-off" mediático, medidas que não estavam sequer na agenda negocial entre os partidos.

O Bloco de Esquerda esteve sempre disponível para discutir e negociar o pacote das 9 medidas que apresentou ao Governo e que definiu como prioritárias para a negociação do OE para 2022.

E, reafirmando o que referiu Catarina Martins no debate do Orçamento, "nenhum programa de recuperação será efectivo se não recuperar salários e pensões. Nenhuma economia é forte sem respeitar quem trabalha".

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