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Artigo de Opinião

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24/09/2022 08:00

O termo 'One Health' foi sugerido pela primeira vez em 2008 para demonstrar a interdependência entre a saúde humana, ambiental e animal, mas só nos últimos anos é que se tem vindo a destacar, em particular, enquanto visão unificada e integrada dos cuidados de saúde para atingir os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (Organização das Nações Unidas).

O Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE) veio reforçar a importância da política de saúde, ao consagrar, no seu artigo 168.º, n.º1, que "na definição e execução de todas as políticas e ações da União será assegurado um elevado nível de proteção da saúde". A UE ganha, assim, um papel determinante na abordagem holística às políticas de saúde, em particular, na melhoria da saúde pública e na harmonização das estratégias de saúde entre Estados-Membros (EM).

Esta nova abordagem às políticas de saúde, da promoção de 'uma saúde' ou 'saúde única' apresenta desafios, mas é também o setor onde existe maior potencial de crescimento e impacto para o cidadão. E é aqui que a transformação digital faz todo o sentido.

Áreas como telemedicina, inteligência artificial, Internet of Things (IoT), gestão de processos e de dados (Big Data), que envolvem atos médicos, recursos humanos, fármacos, tecnologia, comunicação e marketing estão agora a dar o passo seguinte em direção à interoperabilidade de sistemas e, cada vez mais, em direção à integração de cuidados com um objetivo específico e inequívoco: preservar o bem-estar e a saúde do cidadão, onde quer que esteja.

E é precisamente esse potencial de crescimento do 'One Health' que quero destacar. Uma visão que se evidencia pela intervenção no diagnóstico e na doença, enquanto ferramenta complementar de apoio aos profissionais de saúde, de forma humanista, potenciando melhores cuidados clínicos e de maior proximidade ao doente.

Este pode, efetivamente, ser o futuro da saúde, no sentido em que promoverá a tão necessária partilha de dados e a uniformização destes, de forma a permitir ao cidadão poder ter acesso aos seus dados de saúde em qualquer ponto da Europa onde se encontre e, em último caso, possa partilhar os seus dados, se assim o entender.

Veja-se, p.ex., o que a Humanidade conseguiu alcançar durante a pandemia Covid-19, onde a partilha de dados e a publicação de resultados em acesso aberto permitiram uma tremenda evolução na área da investigação clínica e, mais importante ainda, permitiram salvar vidas.

Ainda assim, nem tudo são rosas. Este não é um processo estanque e exige muito das organizações. Exige uma definição estratégica assumida pela organização. É necessário infraestruturar a rede, a comunicação, ter o registo de saúde eletrónico (RSE) a funcionar e promover a interoperabilidade dos dados para conseguir maior eficiência e eficácia. Além disso, também é preciso capacitar as equipas para aquele que se afigura um futuro cada vez mais próximo.

Na saúde, felizmente, os desafios são proporcionais ao impacto que esta evolução terá no dia-a-dia do cidadão. Os ganhos em saúde, ao nível da prestação de cuidados, da precisão e tempo de resposta do diagnóstico de determinadas patologias e da previsão de alterações na resposta do doente aos tratamentos justificam, por si só, esta escolha, contribuindo para a promoção da longevidade e rejuvenescimento do ser humano. Basta, para isso, que estejamos disponíveis para a mudança.

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