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Artigo de Opinião

BOM DIA ALEGRIA!

3/10/2022 07:40

Há uma razão completamente sã para a minha filha ter-me feito esta pergunta recentemente. Acalmem-se os puritanos. Não é caso de Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Até porque eu vou morrer e vocês também. E este é um facto que não devemos ignorar enquanto vivemos.

Como mãe, tenho uma tática para responder a este género de perguntas, que nos deixam de boca aberta: faço outra pergunta. Para este caso foi "como achas que te vais lembrar de mim quando eu morrer?".

Com a sua reflexão, confirmei que sou igual a mim própria: "vou lembrar-te como...chata, despassarada, que gostava de rir, de fazer brincadeiras, cuidava de mim, que queria que o nosso país tivesse mais liberdade, que as pessoas fossem mais felizes no trabalho e que ganhassem mais...". Então, é assim que eu quero que seja o meu funeral, respondi.

Não satisfeita, reformulou: "deixa por escrito como queres que seja o teu funeral".

Achei uma ideia brilhante, pois não falámos da morte e sim da vida. Percebi que responder a esta pergunta pode definir o modo como tomamos decisões ou traçamos objetivos na nossa vida.

Quis testar a minha teoria, fazendo a mesma pergunta a várias pessoas que amo e que conheço bem: umas não fazem ideia e vão deixar o problema para quem estiver vivo; algumas acharam a pergunta absurda e são incapazes de tocar nesse assunto; outras estavam mais preocupadas em pensar quem vai morrer primeiro; umas gostavam que fosse muita gente à cerimónia e que estivessem tristes pela perda; outras querem algo simples, mais barato e prático; outras querem flores, oração e missa de sétimo dia; umas não querem ser cremadas e preferem apodrecer debaixo da terra para "dar comida aos bichos", outras gostavam de garantir que os seus órgãos sejam doados.

No meu funeral, quero que gozem de mim, imagino piadas secas e risos matreiros, exijo que vá apenas quem quiser e que goste de mim; que marquem uma hora e um lugar para brindar à vida. Nada de roupas caras e finas. O tipo de cerimónia: laico ou religioso? Aquele que na altura faça mais sentido para mim. Gostaria que ouvissem três músicas: "Quero é Viver", de António Variações, "My Way", de Frank Sinatra, e "La vida es um Carnaval", de Célia Cruz.

É isso, Madalena.

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