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Artigo de Opinião

5/06/2025 08:00

Todos nós, de uma forma ou de outra, recorremos à Inteligência Artificial. Com maior ou menor interesse, com mais ou menos reservas, utilizamos aplicações como o ChatGPT, Perplexity, Meta AI, Gemini, entre tantas e tantas outras.

Usamos a Inteligência Artificial para uma quase infinidade de coisas. Gerar imagens, criar textos, agregar dados, elaborar tabelas, resumir documentos, esclarecer dúvidas... As potencialidades são, de facto, imensas.

Nos últimos tempos, têm surgido recorrentemente questões sobre os papéis e funções onde os seres humanos são, ou serão, substituídos pela Inteligência Artificial. Mas não é possível, pelo menos para já, substituir aquilo que nos torna humanos: a consciência, a razão, as emoções, a ética, a moral.

É verdade que os modelos de Inteligência Artificial têm sido aprimorados para imitar o comportamento humano, como no raciocínio lógico e na linguagem. No entanto, questiono-me como poderão as pessoas ser substituídas na relação afetiva com o outro, na arte, na música, na espiritualidade, na liderança.

Poderá, um dia, uma qualquer aplicação que instalamos no telemóvel ou no PC, nos transmitir, de igual ou melhor forma, aquele sentimento de deslocado, que tão bem caracteriza o que é ser ilhéu, como a música dos NAPA?

Poderá, um dia, essa mesma aplicação, criar uma obra que nos arrepie a pele como quando levantamos a cabeça na Capela Sistina e olhamos para os frescos pintados por Michelangelo?

Poderá, um dia, a aplicação a que acedemos com um clique, decidir com base na ética, na moral e na razão, quais os doentes que, num cenário de rutura dos cuidados de saúde por via de uma pandemia ou de uma guerra, terão prioridade no tratamento?

A resposta, por agora, é um ‘não’ evidente. Mas com as gigantes tecnológicas a investirem como nunca no desenvolvimento da Inteligência Artificial, só com a Google a investir 75 mil milhões de dólares no ano de 2025, surgem muitas dúvidas sobre o quão longe poderá esta tecnologia emergente chegar.

Os medos são naturais: a desconexão social entre as pessoas, o desuso do pensamento racional, crítico e analítico do indivíduo, a perda de emprego, a redução da humanização nas tarefas. Como também é natural a constante inovação tecnológica, que deveremos aceitar pelos benefícios que acarreta, impondo limites, não às máquinas, mas ao próprio ser humano, à forma como cria, programa e utiliza a tecnologia.

O perigo que tantos anunciam, de nos tornamos menos humanos, não tem que ver com a Inteligência Artificial, mas sim com a nossa própria inteligência. Com os nossos comportamentos e atitudes.

Esse perigo já existe e começa cedo. Começa quando deixamos que uma criança no 1.º ciclo resolva todos os trabalhos de casa pelo ChatGPT, sem necessidade de pensar. Quando deixamos o nosso familiar idoso na companhia da Alexa (ou qualquer outro assistente virtual) e esquecemos que o vínculo que precisa é, sem dúvida, o nosso. Ou quando nos perdemos nas redes sociais, no mundo virtual, e esquecemo-nos que somos animais sociais.

Quando utilizada com ponderação, racionalidade e tendo por base um suporte ético e moral, a Inteligência Artificial, como qualquer tecnologia, é altamente benéfica. Que não percamos a humanidade, num tempo dominado pela tecnologia, mas sobretudo pela impaciência para as relações com os outros.

Post-scriptum: Neste que é o meu primeiro artigo para o JM, o título do texto, à laia de provocação, foi uma sugestão do ChatGPT.

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