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Artigo de Opinião

Jornalista

23/12/2021 08:00

Os artefactos tinham aspeto de fabrico caseiro, mas eram vendidos nas mercearias. Nesse tempo ao que parece era legal. Existiam de vários tamanhos e feitios e também de vária "potência".

Umas mais fortes, do que outras, por consequência também umas mais perigosas que outras.

Lembro-me das de tipo "diabinhos" e das bombas de "garrafa". Estas eram de maior dimensão e naturalmente provocavam um estalo maior. Claro que representavam um risco maior para quem as rebentava. De resto os acidentes aconteciam com alguma frequência. Quando falhava alguma coisa, por vezes as mãos do atirador é que pagavam.

Recordo-me de ouvir falar em casos de dedos rebentados, com sequelas que ficaram para a vida.

O rebentar das bombas era visto sobretudo pelos jovens quase que como uma forma de evidenciar um certo estatuto de maioridade. Este era um processo que desde logo implicava a utilização do cigarro. Era o instrumento que se usava para encostar à "guia" da bomba para a fazer rebentar.

Desde logo nessa altura, o ato de fumar era exibido com uma certa vaidade.

Normalmente a bomba era atirada para sítios longe de pessoas. Pelo meio faziam-se algumas experiências e brincadeiras.

Por vezes colocavam-se por baixo de latas, para as ver fazer saltar e noutros atiravam-se para o meio de poças que existiam no chão o que provocava a projeção de água e lama em várias direções.

Mas as bombas também podiam transformar-se subprodutos. Os que tinham receio de as rebentar utilizando cigarro e atirando-as para algum lado, retiravam-lhes a "guia" e usavam a pólvora existente no seu interior de forma engenhosa. Lembro-me de se usar uma pequena porção colocada de preferência em cima duma pedra, que depois levava outra pequena pedra em cima. Depois era o calcanhar que funcionava como detonador. Dava uma pequena peça, mas existia a vantagem da mesma servir para vários pequenos rebentamentos. Claro que aqui também existiam alguns riscos. Se a quantidade de pólvora colocada fosse mal dimensionada, no mínimo provocava alguma dormência no calcanhar e no pé.

O rebentar das bombas era uma das coisas que fazia lembrar a Festa. Julgo que não era legal, mas talvez não existisse a fiscalização. Coisas impensáveis nos dias de hoje.

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