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Artigo de Opinião

Economista

19/02/2022 08:00

A inflação na Zona Euro tem vindo a galopar para máximos históricos e, em janeiro deste ano fixou-se nos 5,1%, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. A inflação tem subido sobretudo por causa da escassez de matérias-primas e pela quebra das cadeias logísticas causadas pela pandemia, bem como pela subida dos preços da energia.

A inflação tem uma relação estreita com as taxas de juro. Quando os juros estão em níveis tão baixos e os bancos centrais estão muito ativos a comprar dívida, há maior liquidez, logo uma maior propensão a consumir e, por conseguinte, há mais procura. Havendo mais procura, pode criar-se um desequilíbrio entre a quantidade de bens e serviços procurados e os que são oferecidos, fazendo os preços subir.

A questão da subida das taxas de juros, não será uma questão já de amanhã, mas devemos estar atentos, pois será inevitável a sua subida.

A subida vai acontecer, os Estados Unidos estão a caminhar para isso, e a Europa vai certamente acompanhar este primeiro passo já dado pela maior economia mundial.

O nervosismo dos investidores também se está a refletir na subida das taxas de juro dos países do sul da Europa. Isso verifica-se no mercado de divida secundário, onde a taxa de juros de Portugal a 10 anos que tem vindo a aumentar.

A inflação está a ter um impacto direto nesta subida dos juros, sendo mais que provável que este fator venha a ser replicado na taxa de referência Euribor.

Para um país como Portugal, e para a maioria das famílias portuguesas, o aumento das taxas de juros vai provocar enormes dificuldades, visto sermos um país com elevada exposição à divida, tanto do estado como das famílias e empresas.

A realidade é que vai ser a inflação, e a consequente subida das taxas de juro, a condicionar, como se esperava, a política económica dos próximos anos. Com uma elevada dívida pública, privada e empresarial, Portugal está completamente exposto a qualquer subida, mesmo que ligeira, das taxas de juro que farão aumentar o custo do serviço da dívida pública, as prestações do crédito à habitação e os juros do crédito empresarial.

Não é certo quando ou quanto vão subir as taxas de juro e que impacto terão nos rendimentos das famílias portuguesas. Mas basta um exemplo simples para começar a traçar cenários: num empréstimo com uma dívida atual de 100 mil euros, uma subida de 0,5 pontos percentuais na Euribor - que traria o indexante para um terreno positivo, alinhado com as expectativas do mercado, significaria que uma família pagaria mais 500 euros de juros por ano, ou mais 42 euros por mês.

Mesmo perante estes riscos, a procura pelo crédito à habitação continua em níveis recorde. Em 2021, segundo dados do Banco de Portugal, foram concedidos 15.270 milhões de euros com esse fim, com juros ligeiramente mais altos em termos homólogos.

Além das eventuais subidas nos juros, há outras razões para que comprar casa possa ficar mais difícil este ano. É que o supervisor bancário veio reforçar as recomendações para que a maturidade dos contratos não ultrapasse os 30 anos, aconselhando que apenas quem tiver menos de 30 anos de idade possa contratar um crédito pelo prazo máximo de 40 anos. O objetivo é que as famílias não tenham de levar esta obrigação na passagem à reforma, onde tende a existir uma quebra de rendimento.

Mercado imobiliário português resistiu à crise, mas há sombras que ameaçam provocar um volte-face no setor. A subida das taxas de juro será uma dor de cabeça para quem comprou casa a crédito.

Os portugueses parecem estar atentos. pois, assiste-se a um aumento da contratação de crédito à habitação assente numa taxa fixa, precisamente para minimizar os riscos da volatilidade em alta dos juros. A utilização da Taxa fixa para os empréstimos habitação, dão uma maior segurança às famílias e aos bancos, pois ficam protegidas destes impactos da subida das taxas
de juros.

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