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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

20/08/2021 08:00

Podemos observá-la com positividade, encarando na melhor gestão da expectativa, e observando a repetição numa perspectiva aristotélica de busca da excelência, em que nós somos o que repetidamente fazemos, sendo portanto, a excelência resultante de um hábito e não de acto. O dar o melhor de si diariamente para atingir a perfeição.

Ou então observar a visão de Leon Dupuis, personagem riquíssima de Gustave Flaubert, como o acabrunhamento pela repetição da mesma vida quando nenhum interesse a guia e nenhuma esperança a sustém, no fundo o marasmo existencial.

A repetição dos dias, é a sensação de aprisionamento, de cárcere numa vida rejeitada não escolhida, que é superiormente demonstrado no feitiço do tempo.

Não será a vida, um loop contínuo de construção e desconstrução?

Que justiça podemos então encontrar nesta repetição diária, que motivação para acordar, para continuar, teremos de aceitar as escolhas feitas e vivê-las, ou revoltarmo-nos?

Devemos ou não viver neste dia que não acaba, até chegar ao fim?

Devemos procurar rutura ou deixar acontecer?

É curioso o despertar de mensagens no Feitiço do Tempo, este rejeitar da repetição, para depois partir para aceitação, neste caso uma aceitação trajada de derrota, o fardo da repetição da vida sobrepõe-se a qualquer vontade própria.

Esta revolta para com a vida é um acto de consciência pueril, sonhador, tal como o cair repentinamente na sua aceitação.

As atitudes impulsivas, denotam a imaturidade do espírito. O espírito sensato, sábio, revela paz por sobre a realidade, também lhe pesa a consciência de uma revolta, também esmorece, e se prostra perante o peso da realidade da repetição, mas revela paz e serenidade perante a mesma, isto é, escolhe o caminho da sua vitória perante a realidade, gere a sua vontade perante os acontecimentos, doseia os seus impulsos.

Aceita, sorvendo criticamente tudo o que a vida lhe tem para dar, aceita direcionando a sua vontade interior para o possível, aceita com um sorriso as circunstâncias da vida não como acto insano, mas de consciência da sua limitação perante o universo, aceita dando o melhor de si aos outros, aceita seguindo o caminho do bem, aceita fazendo o bem, aceita por muito tortuoso, e de sacrifício que seja o caminho, o sábio aceita por saber que lutar contra a corrente é inglório, é ingrato, é inútil.

Seja sábio, viva a vida em paz, revolte-se interiormente, e utilize o poder dessa revolta apenas para o bem, tal como a água, deixe-se correr para o mar, as paragens são para ganhar força para chegar ao destino, desvie-se quando puder dos obstáculos, quando ficar estagnado tenha a presença de espírito de sentir e saber, que acabará por desaguar na imensidão do mar, seu destino final.

Assim é a vida, só avançamos quando aceitarmos, não curvando a cabeça em sinal de derrota, mas sim curvando-nos em sinal de reverência à Vida, ela assim acontecerá!

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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