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Artigo de Opinião

Deputado na ALRAM

29/12/2021 08:00

Muitos, como eu, aprenderam desde muito pequenos a promover ambas as culturas. Somos todos parte de uma geração de pais e avós que se integraram muito rápido num país que, hoje, é tão deles como nosso.

Os madeirenses na Venezuela tiveram uma capacidade de integração única (desculpem a vaidade) e são, e sempre serão, portugueses. Os estrangeiros com a maior capacidade de integração e com a maior qualidade de sempre, na terra de Bolivar. Tudo isto com a cultura da Madeira enraizada nos corações dos que ainda lá estão e dos que regressaram.

Todos tinham uma necessidade gritante de transmitir aos seus filhos, as tradições e cultura da sua terra, aquela que estava sempre representada em qualquer cantinho de casa.

O Natal e o Fim do ano evidenciam, ainda mais, aquela mistura que até parece uma cultura nova.

É difícil esquecer como os nossos pais e avós faziam delícias culinárias do Natal típicas da Madeira e Venezuela, no mesmo dia. Na mesma mesa, era possível encontrar uma hallaca, um pão de jamon, uma salada de galinha, um pernil, mas também umas broas de mel e uma canja. Tudo estava disposto numa mesa cuja a toalha era madeirense, como bem me recordo. No Natal e no Fim do ano, podíamos ouvir umas gaitas venezuelanas, mas também muito se dançava o bailinho da Madeira.

Eram momentos tão bons, tão nossos e tão especiais, que ficam sempre nas melhores lembranças e com as quais sei que muitos vão se sentir identificados.

Os lusodescendentes nascidos na Venezuela sentiram ambas as culturas tão próximas que, hoje em dia, têm-nas enraizadas no coração. Nestes momentos, sentimos umas saudades imensas quando as nossas famílias estão separadas pelo oceano atlântico.

Estes milhares de madeirenses e venezuelanos vão sentar-se à mesa e relembrar aqueles momentos em que se ouvia as gaitas venezuelanas cantadas pelos pais e avós.

Os meus, ambos madeirenses, de certeza muito cantaram hoje na Venezuela, enquanto partilharam uma canja com um pão de jamon.

É uma altura para pensar naqueles fins de ano, com a família na Venezuela com os olhos colados à televisão a aguardar pelo fogo de artifício na Madeira, enquanto a minha mãe colocava todas as iguarias sob aquela toalha madeirense.

É desta maneira que as tradições de dois povos tão amigos, tão próximos se repetem todos os anos. Até parece que o destino sempre quis misturar estas duas culturas, que vamos continuar a transmitir com muito orgulho aos nossos filhos. Porque levamos duas bandeiras com muito orgulho, vivemos a Madeira na diáspora como ninguém.

Por isso, quando escolhemos a Pérola do Atlântico para ser nosso porto de abrigo numa situação tão difícil e complicada na nossa vida, estávamos a chegar também à nossa casa, nossa Madeira.

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