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Insegurança alimentar afeta milhões de sul-africanos

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Data de publicação
25 Abril 2023
14:46

É inegável a existência de fome e dos repulsivos aumentos sucessivos de preços, fatores que estão a causar muitas frustrações e que a todo o momento, receia-se, podem espoletar a perpetração de motins violentos.

As organizações solidárias, que providenciam alimentos para pessoas em pobreza extrema, já dificilmente conseguem dar resposta à crescente necessidade de assistência em que as já longas filas são cada vez maiores e os orçamentos derreados mas, deixam um aviso de a que a pungência da fome exacerbada pela escassez das chuvas, desemprego, aumento de preços incessáveis da comida e o encerramento permanente de muitos negócios devido às interrupções constantes de energia elétrica, é algo conducente a um aumento da criminalidade que será um outro motivo forte para que o povo saia às ruas do país.

A espiral de fome e má nutrição está agora fora de controle e o serviço nacional de estatísticas mostra claramente qua a inflação na comida e em bebidas não alcoólicas sofreram um aumento de 14% nos últimos doze meses, o que representa o maior aumento anual desde março de 2009.

Um número muito alto de crianças vira-se agora para pequenos crimes justamente para poderem comer, disse Gershon Naidoo diretor de programas da organização de Meals on Wheels (MOW) que alimenta 180.000 pessoas diariamente, providenciando cerca de 5 milhões de refeições mensalmente o que representa uma gota de água no oceano.

A crise é evidente, a atestar pelo número crescente de pedintes nas ruas, crianças malnutridas e com mau desempenho escolar e cada vez mais pedidos de assistência que chegam todos os dias. E deixa um aviso de que "quando as pessoas estão com fome aproximam-se mais da anarquia…".

No ano passado algumas crianças morreram de má nutrição severa na província do Cabo Oriental e a maior organização de solidariedade, ‘Gift Of The Givers’, afirma que a situação se mantém desesperante. Crianças continuam a morrer uma vez que as escolas não conseguem atenuar o problema e lares de terceira idade não conseguem providenciar alimentação para os seus utentes.

Emily Thomas, oficial do ‘Gift Of The Givers’ na província do Cabo Norte - que esteve envolvida na aquisição de uma ambulância e cinco contentores com vários artigos e equipamentos oferecidos à Cruz Vermelha do Funchal após a tragédia de 20 de fevereiro - disse que agricultores e as minas providenciam empregos e que resultam em "fome sazonal" uma vez que esses empregos são por períodos específicos.

Emily, explicou ainda que a pobreza aliada ao álcool e ao abuso de substâncias fez aumentar o número de pessoas morrendo de fome. Algumas vezes o ‘The Gift Of The Givers’ recebem pedidos de auxílio para 500 pessoas e quando chegam ao local para fazer a entrega, deparam-se com 10.000 ou mais pessoas.

Aconteceu já que tiveram de fechar o camião e abandonar o local uma vez que a situação ficou imediatamente fora de controle. Emily Thomas falou também da existência de grande frustração entre os jovens, até naqueles com mente sóbria, e lançou o alerta de que a província do Cabo Norte "é a província esquecida".

A África do Sul é considerada uma nação com segurança alimentar para a vasta população que ascendeu aos 62 milhões, mas, lamentável e correntemente, mais de metade dos seus nacionais vive em circunstâncias precárias experimentando fome e miséria.

José Luiz da Silva, correspondente do JM em Joanesburgo (África do Sul)

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