Realizou-se, esta manhã, no Salão da Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Brentwood Park, Benoni, sob os auspícios do Fórum Português (FP) uma homenagem às vítimas mortais em consequência da violência criminal.
Foram momentos de profunda manifestação de saudade eterna, especialmente, por parte dos presentes, aos quais a violência interrompeu a vida de familiares ou amigos, ou simples compatriotas, destruindo as suas famílias e projetos de vida.
Presentes nesta homenagem estiveram Carlos Costa Neves, embaixador de Portugal, Maria João Furtado, embaixatriz, Afonso Laginha, Cônsul-Geral de Portugal em Joanesburgo, Adalberta Coimbra, Chanceler do consulado-geral de Portugal em Joanesburgo, Paulo Valor, Adido Social da embaixada e um Conselheiro da Diáspora Madeirense na África do Sul.
A cerimónia foi iniciada com o acender de círios com o nome das 503 vítimas, inscritos a letras de ouro, pelo presidente do Fórum Português, Manuel Ferreirinha, acompanhado pelo Embaixador e Cônsul-Geral, várias crianças, familiares e amigos de pessoas vitimadas pela violência criminal que grassa no país.
A missa foi celebrada pelo sacerdote luso-descendente, António ‘Tony’ Nunes, tendo após o serviço religioso, Manuel Ferreirinha dirigido algumas palavras aos presentes, enunciando, sucintamente, a missão do Fórum Português.
Seguidamente, Afonso Laginha, convidado a usar da palavra, começou por dizer que considerava ser seu dever associar-se a esta homenagem organizada anualmente pelo Fórum Português.
“Para além da pobreza e da desigualdade social, a criminalidade constitui um dos maiores e principais desafios que este país enfrenta há várias décadas. Tragicamente, centenas dos nossos compatriotas têm sido vítimas deste enorme flagelo que vem contribuindo para um êxodo, sobretudo de luso-descendentes, que procuram um futuro mais seguro em destinos longínquos, deixando os seus progenitores e entes queridos ainda mais apreensivos com a continuação dos seus negócios aqui”, afirmou.
“Centenas de portugueses perderam a vida neste contexto. Os últimos casos de rapto foram felizmente resolvidos, deixando, no entanto, profundas marcas psicológicas nas vítimas e famílias afetadas”, acrescentou, observando que não considera que a comunidade portuguesa seja um “alvo direto ou em exclusivo deste fenómeno”.
“Com efeito, a criminalidade violenta fustiga toda a sociedade na África do Sul, e em algumas cidades e províncias, com mais intensidade, como é o caso de Joanesburgo e de Gauteng”, disse.
“Compete a este país pôr fim a esta realidade, por ser responsável pelo funcionamento das instituições e pelo bem-estar e segurança dos seus cidadãos e de quem escolheu aqui viver”, declarou depois, destacando o acampamento dos casos que é feito pelas autoridades portuguesas, através da embaixada e dos consulados-gerais.
Por sua vez, o Embaixador Carlos Costa Neves começou observar que se tratava de um “dia para poucas palavras”, mas fez referência à homenagem espiritual prestada através da missa e das palavras proferidas, valorizando “a unidade e solidariedade” e que “os portugueses fazem parte de toda a comunidade sul-africana”, pelo “que flagelo não é exclusivo do portugueses”.
O diplomata referiu-se ao acompanhamento das autoridades portuguesas de todos os casos por mais difíceis que sejam para que se resolvam e não deixamos, nunca, de seguir qualquer caso e dar conta da nossa preocupação de segurança e não podemos estar a confrontar as autoridades sul-africanas sob pena de ser pouco efetivos e em aumentar os níveis de segurança.