Na V Conferência do Caminho Real da Madeira, Natércia Xavier observou a dimensão humana, cultural e educativa dos percursos, destacando a importância de reconhecer e proteger o património para além dos monumentos oficialmente classificados.
A investigadora defendeu a ideia de “virtualização da incerteza”, utilizando tecnologias e recursos digitais para preparar visitantes e comunidades, permitindo conhecer e interpretar o território antes mesmo de percorrê-lo. Para a oradora do 2.º painel, isso não reduz a experiência real, mas enriquece a compreensão do valor histórico, ambiental e cultural dos caminhos.
Durante a intervenção, enfatizou que o património inclui não só o edificado, mas também elementos visíveis e invisíveis, como o vento ou a memória das comunidades, e que sua proteção deve ir além dos processos formais de classificação, valorizando inventários e estudos científicos.
Alertou, no fim, para os riscos da objetivação do património, como a busca por prémios ou galardões, defendendo que o foco deve estar no bem-estar coletivo, na sustentabilidade e na educação patrimonial.
“A cultura não é a erudição. A cultura tem a ver com tudo aquilo que foi falado aqui. A cultura tem a ver com a partilha, tem a ver com o conhecimento, tem a ver com ciência, que foi aqui dito”, rematou.
O segundo painel da conferência, intitulado “Caminho Interior”, abordou a dimensão humana, cultural e espiritual do ato de caminhar. A moderação foi da jornalista Celina Faria.