A prevenção continua a ser uma batalha na luta contra a SIDA, conforme ficou patente hoje, num debate realizado na Câmara Municipal do Funchal, com a participação de quatro especialistas.

Elisabete Gouveia, assistente social da Delegação da Madeira da Associação Abraço, lançou a questão da prevenção a uma plateia maioritariamente composta por jovens. Segundo ela, quatro décadas depois do primeiro diagnóstico da doença, tema continua a ser descurado e fora das conversas familiares.

Pelo contrário, o tratamento teve um ‘salto’ qualitativo grande, passando de 18 comprimidos diários a uma terapêutica injetável de dois em dois meses.

Em declarações aos jornalistas, momentos antes da sessão, Nancy Faria, médica e diretor do Serviço de Doenças Infecciosas do SESARAM, disse que atualmente tem em consulta 728 pessoas. O grupo predominante tem idades entre os 29 e os 40 anos e são sobretudo homossexuais. Acima dos 50 anos, estão homens heterossexuais, menos predispostos ao teste.

A mesa-redonda contou ainda com a participação de Carla Câmara (Psicóloga e Sexóloga), que levantou do estigma que ainda rodeia a doença, e Martinha Garcia (Farmacêutica e Presidente da Delegação Regional da Ordem dos Farmacêuticos) enalteceu o avanço científico. O debate foi moderado por Paulo Milheiro, Chefe da Divisão de Saúde e Bem-Estar da Câmara Municipal.

Na sessão de abertura, a vereadora com o pelouro da Saúde e do Social, Helena Leal, destacou a importância de criar espaços de reflexão e partilha de conhecimento, reforçando a necessidade de unir esforços na prevenção e no combate ao estigma associado ao VIH. “Todos temos de estar verdadeiramente envolvidos neste compromisso com a dignidade humana e a prevenção”, afirmou.

A autarca recordou que, apesar dos avanços científicos das últimas décadas, persistem desafios significativos. Em 2024, cerca de 630 mil pessoas perderam a vida devido a causas relacionadas com a SIDA, um dado que, segundo Helena Leal, “não pode ser ignorado”. Destacou igualmente que Portugal continua entre os países da União Europeia com taxas elevadas de novos diagnósticos, apelando ao reforço da prevenção e da educação para a saúde.

Helena Leal sublinhou que o combate ao VIH/SIDA não é apenas uma questão médica, mas também social e comunitária. “O futuro começa em cada um de nós”, afirmou, reforçando que todos podem contribuir para uma sociedade mais informada e inclusiva.

A vereadora elogiou ainda o trabalho especializado desenvolvido na Região Autónoma da Madeira, tanto pelos serviços de saúde como pelas associações.