Durante décadas, a ‘Festa’ do Natal na Madeira teve um costume quase obrigatório: o afilhado levava aos padrinhos uma galinha viva, garantia da canja da consoada. A ‘galinha da Festa’, assim se chamava, foi durante gerações parte do conjunto de rituais da quadra natalícia regional.
Na visita das Boas Festas, o afilhado apresentava-se à porta dos padrinhos com a galinha viva ao colo, oferta que reforçava laços e marcava a preparação da ceia. Com o passar das décadas, a tradição desapareceu quase por completo, ficando apenas na lembrança dos mais velhos.
Entre as práticas hoje reavivadas pelos Lírios do Norte, associação cultural de Santana, esta é uma das que mais suscita reconhecimento e nostalgia. Sobretudo agora, numa altura em que já se sente o rebuliço da ida aos centros comerciais em busca de presentes para os entes queridos, que raramente fogem aos brinquedos, aparelhos eletrónicos e peças de roupa das lojas de ‘fast fashion’.
Ana Fernandes, dos Lírios do Norte, partilha com o JM que já não viveu a tradição, mas recorda-a pela transmissão familiar. “Na altura do Natal, os padrinhos davam sempre uma prenda aos afilhados e eles já iam com o ‘bico doce’, porque sabiam que tinham prenda à espera.” Quanto à galinha oferecida, lembra que se escolhia “a mais gorda do galinheiro”, porque muitos padrinhos preferiam guardá-la para os ovos se não houvesse canja. “É dos tempos dos nossos avós”, explica.
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