O deputado do Chega, Francisco Gomes, apelou à Comissão Europeia e ao governo da República para que defendam os interesses dos pescadores da Madeira e dos Açores na próxima reunião da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT). A ICCAT é a organização intergovernamental responsável pela gestão e conservação das espécies de atum e de outras espécies pelágicas comerciais no Atlântico e mares adjacentes. A reunião anual decorrerá de 17 a 24 de novembro, em Sevilha, onde serão negociadas as quotas de pesca que irão determinar o futuro económico de centenas de famílias das regiões ultraperiféricas.
Na lista de pedidos dirigidos às instituições europeias, o Chega exige que a equipa negocial da União Europeia trabalhe “de forma muito assertiva” para garantir um aumento significativo das quotas para a Madeira e para os Açores, tal como já existiu no passado. A quota total de atum, que já foi de 11.000 toneladas, está agora reduzida a pouco mais de 2.700 toneladas, situação que o partido considera “insustentável e profundamente injusta” para as regiões que sempre praticaram pesca sustentável e sem impacto ambiental.
O deputado afirma que os pescadores madeirenses e açorianos “têm sido consistentemente penalizados por políticas europeias que ignoram a realidade local, impondo limites que nada têm a ver com a forma tradicional de captura nas ilhas”. Francisco Gomes sublinha que a pesca do atum na Madeira e nos Açores é feita com salto e vara, uma técnica “seletiva e segura”, ao contrário das práticas industrializadas de grandes frotas estrangeiras.
“Os pescadores da Madeira e dos Açores são os primeiros defensores do mar. A pesca tradicional de salto e vara não destrói nada, não ameaça nada e não põe o ecossistema em risco. O que ameaça o mar são os navios estrangeiros que andam a pescar ilegalmente nas nossas águas enquanto Bruxelas e Lisboa fingem que não veem”, Francisco Gomes.
O Chega afirma que o futuro da pesca na Madeira depende da capacidade negocial do governo da República na ICCAT, uma vez que, segundo o partido, o governo regional da Madeira “tem estado mais interessado na aquacultura e em negócios paralelos do que em defender os pescadores madeirenses”.
“A Madeira depende de Bruxelas e do esforço do governo português, mas o que temos tido são políticos incompetentes que não percebem nada da pesca regional e uma Comissão Europeia desligada da realidade das ilhas”, acusou o deputado.