Já esta terça-feira, dia 16 de Março celebrou-se o Dia Mundial do Serviço Social, este ano sobre o tema "Ubuntu: I am Because We are - Strengthening Social Solidarity and Global Connectedness", em português "Ubuntu: Eu sou Porque Nós Somos - Fortalecendo a Solidariedade Social e a Conectividade Global." Ubuntu foi popularizado em todo o mundo por Nelson Mandela. Mais que uma palavra, Ubuntu é uma filosofia e uma forma de vida que traduz fielmente os valores do serviço social, e a importância da promoção da solidariedade social, reconhecendo e co-responsabilizando todos nós na co-construção de um futuro mais sustentável, solidário e socialmente justo.

Pergunta o leitor, ora, o que tem isto a ver com a UMa e com a eleição do seu novo reitor? Pois bem, muito se tem debatido sobre a necessidade do aumento de financiamento da Universidade da Madeira, face às características e necessidades impostas pela insularidade e ultraperiferia da região, bem como a necessidade de reformulação de alguns dos atuais cursos e a (re)abertura de novos. Também uma maior aposta na internacionalização da UMa em várias áreas científicas, a atração de alunos e investigadores externos à região, seja de Portugal continental, da União Europeia e Reino Unido, ou até mesmo provenientes de outros continentes, onde exista por exemplo diáspora Madeirense, podem e devem ser exploradas face às condições ímpares da Madeira ao nível do custo e qualidade de vida, clima, e segurança, já sobejamente reconhecidas junto do mercado turístico internacional.

Na cimeira anual de Davos do Fórum Económico Mundial, que decorreu em finais de Janeiro desde ano, foram apresentados quatro cenários para o futuro da educação nos próximos 20 anos. Entre os cenários de transformação apresentados, foi destacada a importância da aquisição de conhecimentos individualizados através da personalização completa de conteúdo, de forma remota, permitindo aos alunos administrar melhor o seu tempo, e assim participar em projetos comunitários, estágios e investigações. A flexibilidade de trabalho em grupo em determinadas áreas académicas, e a aposta nas questões sociais e intervenção comunitária foram igualmente apontadas como fundamentais e prioritárias.

Perante isto, a formação e investigação na área do serviço social ao nível da licenciatura e mestrado assumem-se como uma aposta credível, face às necessidades da região na formação de novos assistentes sociais, bem como na atualização e especialização de todos aqueles que já trabalham nas diversas entidades públicas e em instituições solidariedade social da região. Abrir novos horizontes, experiências e oportunidades de empregabilidade na região e a nível internacional requer certamente visão, planeamento, parcerias e financiamento.

Estarei disponível para apoiar a UMa e a sua reitoria na planificação e concretização de tais propostas/objetivos. Quiçá a UMa e o seu novo reitor possam usar o atual contexto de recuperação económica pós-pandemia para sensibilizar o Governo Regional e o Primeiro-ministro António Costa, através do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para a importância da UMA também poder vir a beneficiar do Plano de Recuperação e Resiliência, cuja verba total estimada para a região autónoma é de 770 milhões euros para financiamento de projetos até 2026.

*Universidade de Windsor, Canadá.