MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

10/12/2021 08:00

Observemos primeiro os números, dia 19 de Outubro de 2021, 8 casos, 0 óbitos, 73 casos activos (1 mês antes da publicação do JORAM I Série número 210, com a resolução nº 1208/2021), dia 12 de Novembro de 2021, 63 casos, 0 óbitos, 379 casos activos (1 semana antes da resolução), dia 19 de Novembro de 2021, 60 casos, 1 óbito, 464 casos activos (dia da publicação da resolução), e dia 4 de Dezembro de 2021, 87 casos, 2 óbitos, 775 casos activos. No período temporal de 19 de Novembro até dia 4 de Dezembro (16 dias) faleceram 29 pessoas com infeção SARS-CoV-2.

Podemos deduzir, que esta vaga é factual, mas para os profissionais de saúde era expectável, pois os vírus respiratórios apresentam o seu pico de actividade com a baixa de temperatura.

A ciência desde as primícias da pandemia que nos revelou a solução da mesma, necessitávamos de uma atitude defensiva e proactiva, etiqueta respiratória, distanciamento físico complementado com a máscara quando o mesmo não é exequível, e boa higiene das mãos, depois uma politica de testagem franca, a passagem óbvia do inicial "Test-Track-Trace-Isolate" para o "Find-Test-Trace-Isolate-Support" como preconizada pela Organização Mundial de Saúde, que veio intensificar a procura activa de casos e promover um maior apoio aos casos detectados, e finalmente a utilização de medicamentos, de tratamento e acima de tudo preventivos.

Quanto aos medicamentos temos 3 aprovados pela Agência Europeia do Medicamento, a saber Veklury (remdesivir); Ronapreve (Casirivimab/imdevimab); Regkirona (regdanvimab), e 5 em avaliação final Xevudy (sotrovimab); RoActemra (tocilizumab); Olumiant (baricitinib); Lagevrio (molnupiravir); Kineret (anakinra), a 30 de Novembro o painel de especialistas do regulador Americano FDA votou favoravelmente a introdução no arsenal terapêutico covid-19 do molnupiravir sendo o primeiro medicamento oral aprovado, sendo que a MHRA ( Medicines and Healthcare products Regulatory Agency) do Reino Unido já o tinha aprovado desde o dia 4 de Novembro de 2021.

No que concerne às Vacinas, temos na Europa 4 autorizadas pela Agência Europeia do Medicamento, Vaxzevria; Spikevax; Covid-19 Vaccine Janssen e Comirnaty.

Observando este cenário, a questão que se coloca é, o que está a falhar, que leva ao surgimento de novas vagas e novas estirpes, e que criam na população, medo, descrédito nas vacinas e tratamentos e muita revolta.

Aderecemos a questão a vários níveis.

Primeiro as vagas continuarão a surgir como surgem as de qualquer vírus, e sendo respiratório, o frio e a época invernal são factores críticos, temos é primeiro de torná-lo endémico e depois a testagem cessa (tal como acontece com a gripe que ninguém vai a postos de colheita testar para a gripe, e, no entanto, pelo relatório do Programa Nacional de Vigilância da Gripe 2018-2019 estimaram-se 3331 óbitos atribuíveis à epidemia de gripe), pois este vírus veio para ficar.

Quanto ao surgimento de novas variantes como é o caso da Ómicron, sim podemos falar de falha ao adereçarmos numa escala global o problema Covid-19. Reforço que o mundo anda a duas velocidades 52 países apresentam apenas 5,2% da vacinação e correspondem a 20,5% da população mundial( Bloomberg Vaccine Tracker 5 Dezembro 2021) e sabemos que apenas 10,7% da população no continente Africano teve acesso a pelo menos 1 dose (The New York Times 4 Dezembro de 2021), o resultado desta observação de uma solução egoísta, fraccionada país a país, terá como consequência o protelar do fim da pandemia podendo com esta atitude hipotecar a medicação já disponível e com eficácia elevada. Este planeta de preconceitos, não permite a equidade na vacinação e pior, depois castiga os que não tiveram acesso à vacinação tentado restringir a sua mobilidade, é de uma hipocrisia gritante e demonstra o lado negro do Homem. Não duvidar da eficácia das vacinas é um bom princípio, pois a efectividade de nenhum medicamento é 100%, e mais a vacina por definição não impede necessariamente a infecção, mas combate de forma eficaz e sem precedentes a possibilidade de se gerar doença e doença grave (o que está sobejamente comprovado pelos resultados da vacinação corrente).

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