O Natal na Madeira tem uma relação profunda e quase íntima com a floresta. Esta, está presente na paisagem que envolve as casas, nos caminhos percorridos em família, no silêncio verde que contrasta com a luz e a música desta época, e na própria identidade de um Natal vivido entre montanha e mar. A floresta madeirense não é apenas cenário. É parte integrante da memória coletiva que dá sentido a esta quadra festiva.
A floresta tem um papel muito presente no Natal madeirense através das lapinhas, dos presépios, e dos próprios pinheiros naturais, uma tradição que atravessa gerações. O musgo, os galhos, as pinhas, as cascas e outros materiais naturais ajudam a recriar cenários que fazem parte da memória coletiva da Região, desde que utilizados numa lógica de sustentabilidade. Longe a ideia de que a sua recolha é sempre nefasta para a floresta, estes elementos podem ter origem em trabalhos de gestão sustentável da floresta e em sistemas de produção silvícola, onde a limpeza, a manutenção e o aproveitamento responsável de materiais fazem parte do ciclo normal de gestão. Valorizar estas práticas é garantir que a tradição e a cultura se mantêm vivas, sem comprometer o equilíbrio dos ecossistemas, respeitando a floresta hoje para que continue a fazer parte do Natal de amanhã.
O cariz de serviço público do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) leva a cedermos a título gratuito a centenas de instituições e coletividades os produtos florestais que ornamentam o Natal.
Os locais de recolha destes produtos florestais nas áreas geridas pelo IFCN estão devidamente identificados e são fiscalizados pelo Corpo de Polícia Florestal, que nesta altura do ano efetua também um papel pedagógico e educativo sobre a utilização dos produtos florestais. Portanto nada acontece por motivo do acaso, pois tudo tem por objetivo uma correta e sustentável gestão da floresta.
É também por isso que o trabalho desenvolvido ao longo de todo o ano pelo IFCN assume especial relevância no Natal. A gestão responsável da floresta, a manutenção dos percursos pedestres, a conservação dos ecossistemas e a prevenção de riscos permitem que residentes e visitantes possam usufruir deste património com segurança, confiança e respeito. Um trabalho técnico, exigente e continuado, que raramente se faz notar quando é bem executado, precisamente porque cumpre a sua função.
Vivemos, no entanto, tempos em que a leitura da realidade tende a privilegiar o episódico em detrimento do estrutural, o ruído em vez do conteúdo, e onde o contraditório nem sempre encontra espaço quando não se ajusta a narrativas pré-definidas. Há quem consiga não ver mérito no esforço diário, rigoroso e transparente de uma instituição pública, omitindo contexto, dispensando esclarecimentos e ignorando resultados.
Continuaremos a trabalhar com sentido de missão, dando o nosso melhor, e mostrando trabalho, registando, contudo, estes factos.
Neste Natal, é justo e necessário agradecer. A todos os trabalhadores do IFCN, assistentes operacionais, assistentes técnicos, técnicos superiores, polícias florestais, vigilantes da natureza, sapadores florestais, técnicos de espaços verdes, e dirigentes, pelo profissionalismo, dedicação e sentido de missão com que servem a Região. Aos parceiros institucionais, entidades públicas e privadas, que colaboram connosco na proteção e valorização do património natural. À população madeirense, que compreende, respeita e defende a floresta como um bem comum. E também a todos aqueles que, mesmo na crítica, contribuem para que o debate público exista, ainda que nem sempre com a profundidade desejável.
Que este Natal seja vivido com paz, proximidade e confiança no futuro, e que o novo ano traga saúde, discernimento e a capacidade coletiva de continuarmos a cuidar, com responsabilidade e visão, da floresta e da Natureza que fazem da Madeira um lugar único.
Boas Festas e um excelente Ano Novo!