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Artigo de Opinião

Diretor

6/12/2025 08:00

Isto são festas! A expressão é muito usada pelo povo para normalizar o exagero.

Comida a mais? São festas!

Bebida a mais? São festas!

Ordenado e gastos a dobrar? São festas!

E assim, entre repetidos e vagos desejos de feliz Natal que duram até às boas entradas no Ano Novo, vive-se, mais uma vez, um tempo de verdadeiro arraial madeirense.

Este ano, o calendário junta-se à tradição e entra aí a oferta atribuída aos funcionários públicos que bem podem agradecer ao ‘senhor governo’ quase meio mês de férias em plena quadra natalícia.

Fazendo as contas por alto, quem trabalha para o governo tem este mês mais dias em casa do que ao serviço.

As folgas pela Restauração da Independência e pela Imaculada Conceição levam dois dias de trabalho.

O feriado de Dia de Festa mais o da Primeira Oitava representam outros dois. E já são quatro dias em casa.

Juntam-se os habituais oito dias relativos a sábados e domingos. E vão 12!

Mais os três dias e meio de tolerância de ponto e a conta das folgas passa para 15 dias e meio.

Calma!

Não se pretende aqui qualquer ensaio de crítica aos funcionários públicos. Nada disso. Conquistaram direitos que lhes são reconhecidos e beneficiam de um calendário favorável e de um governo generoso. Façam bom proveito e vivam um Natal pleno.

O que se traz aqui são duas questões distintas: a da produtividade e a da desigualdade.

Sobre a primeira, mais vale equiparar dezembro a agosto. São meses para esquecer. No verão, são férias! Agora, são festas!

A segunda questão requer, no mínimo, uma palavra de conforto aos tantos e tantos trabalhadores do setor privado que, justamente nesta altura, vão trabalhar o dobro.

Aqueles que asseguram toda a atividade privada bem comos os muitos que garantem os serviços públicos essenciais, nomeadamente na saúde e na segurança, também mereciam dias de descanso para viver a quadra com igual tratamento.

Mas não vai acontecer.

E aqui vale a pena um reconhecimento público a quem trabalha na restauração, na hotelaria e no comércio. São essencialmente esses que têm pela frente um mês ainda mais sobrecarregado do que foi o intenso ano inteiro.

É neste contexto que não vem mal ao mundo a tal palavra de conforto em jeito de incentivo a quem está obrigado a trabalhar, mesmo nos casos em que vai ganhar um pouco mais por isso.

Entretanto, decorre entre nós uma longa greve dos trabalhadores do Centro de Abate. São mais de 20 dias certamente num dos períodos em que mais se consome carne na Madeira. Por esse prisma, o efeito da greve está assegurado.

Haverá certamente exageros e falta de posições claras de ambos os lados, o que leva a posições extremadas. E os extremos, que neste momento parecem agradar tanto em Portugal, já fizeram estragos suficientes.

Será assim tão difícil dialogar e respeitar as regras ou vale apenas o poder de quem tem a chave do matadouro?

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