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Artigo de Opinião

Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Advogados

5/03/2025 07:30

Pessoalmente não sou fã do Carnaval, mas têm sido tantos as trapalhadas, a que temos assistido nos últimos meses que, aproveitando a faculdade concedida pelo Carnaval, direi de minha justiça, sem restrições, porque, como diz o ditado “ninguém leva a mal”.

Escrevo-vos a partir de Bilbao, região onde qualquer palavrinha que se preze tem de conter, pelo menos um “U, um “Z” ou um “X”, ou ambos.

Pois bem, Txou aqui, onde já visitei o Guggenheim. Verdade, foi uma pequena desilusão, ou como alguns estarão a pensar, apenas insensibilidade à arte. Nada disso, até adorei o gato com as flores que fica junto à entrada e, fiquei impressionado com um senhor que tocava saxofone numa esplanada próxima. Vá lá, o elevador panorâmico também é de valor e uns sofás vermelhos, em forma triangular, são de beleza única, neste monumento de arquitetura singular, assinado pelo arquiteto Frank Gehry.

Mas não só de arte vive o homem e, esta região é também conhecida pelas bonitas avenidas e belos edifícios, mas também pela rica culinária e pelas famosas tapas, ou pintxos, como eles lhe chamam.

Igualmente, ou não fosse Carnaval, voltamos a ter mais um episódio único na sala oval da Casa Branca. Seja por dislexia ou exacerbado patriotismo, a história repete-se, dois inocentes maltratados (ou não, depende do conceito), naquele compartimento icónico da casa presidencial americana que, transforma-os, uma em escritora e, o outro que, já era actor, em herói mundial (Lewinsky Vs Zelensky (já viram a coincidência da última letra de ambos os nomes Y).

Outro episódio marcante foi a morte do nosso “papa”. Assim conhecido nalguns meios, a morte de Pinto da Costa, que fica muito marcada por trazer para este momento do trajeto de vida de qualquer ser humano, o reconhecimento por muitos que o estimavam, mas também como alguns fizeram, demonstrar que, alguns valores estão olvidados, pois por detrás de qualquer pessoa, mais ou menos pecador, há um familiar, um pai, um filho e, mesmo que não se concorde com aquilo que fez em vida, não podemos nunca deixar de respeitar a sua morte.

Mas por falar em Papa, o nosso Santo Padre, também tem sido notícia frequente, não por aquilo a que nos habituou, como seja o seu pensamento, a sua visão do mundo ou os valores que proclama, mas sim pelo seu estado de saúde, muito oscilante. É a lei da vida e sabemos que, como para todos nós, o dia da sua partida chegará, esperando, que não seja para breve. Ainda assim, assisti e li nestes dias, noticias que dão como possibilidade do futuro sumo pontífice, ser alguém de origem Africana ou Asiática, uma escolha assente em critérios diferentes daqueles que é a minha visão para o líder da Igreja. Quero acreditar que a competência, o saber, e a capacidade de pensamento e de partilha de valores, vencerá qualquer lógica de escolha pela raça ou cor da pele e, que o nosso D. Tolentino, é naturalmente um forte candidato.

E, trapalhada maior, foi a confusão criada com a lei eleitoral que, uma vez mais, vai deixar, mais umas centenas ou milhares de madeirenses sem poderem exercer, o seu direito constitucionalmente consagrado de votar e, com isso, escolher os seus representantes. Já agora, porque é Carnaval, peço aos senhores partidos que derrubem o próximo governo, seja ele qual for, pelo menos desse modo, em condições normais (a normalidade em Portugal começa a obrigar a reunir um elevado número de sinergias), nas próximas eleições já todos os madeirenses poderiam votar e, desse modo tornar mais democrático o processo de escolha dos nossos governantes.

Com a atual moda da criação de grupos de trabalho, donde pouco ou nada tem saído excepto o lançamento público de alguns dos seus membros, também a justiça tem vivido os seus episódios carnavalescos, seja pelo famoso grupo do manifesto dos 50 (alguns deles que já por ali andam há mais de 50 anos e, que nada fizeram) ou mesmo aquele grupo de trabalho que veio apresentar gritantes soluções, como da aplicação de coimas para medidas dilatórias (seja lá isso o que for e imputável a não sei bem quem, mas aos advogados garantidamente não, pois se há parte processual com prazos de preclusão, os advogados são uns desses), e a limitação ou mesmo exclusão da possibilidade da interposição de alguns recursos - veio-me à memória a história do galo de Barcelos – pois com estas propostas, a muitos condenados apenas restará acreditar que o galo assado, ainda pode voltar a cantar.

Pela minha parte, votos de continuação de bom Carnaval, divirtam-se, comam muitas malassadas, mas não esqueçam os sonhos, posso até não concretizar nenhum, mas foi tão bom ter sonhado.

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