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Artigo de Opinião

Professor

24/03/2025 08:00

A emigração é uma realidade intrínseca à identidade madeirense, marcando desde o povoamento do arquipélago até à atualidade, as suas dimensões sociais, culturais, económicas e políticas. A imensa diáspora da “pérola do Atlântico”, estimada em cerca de 1,5 milhões de madeirenses e descendentes, transportam consigo tradições e memórias pelos quatro cantos do mundo.

É essa realidade migratória, na expressão de Vitorino Magalhães Godinho, “uma constante estrutural história portuguesa”, que se encontra a génese do projeto da “História Global da Diáspora Madeirense”, e a futura criação do Museu da Emigração Madeirense. Um vindouro espaço museológico, que pretende homenagear o legado e a memória dos que da Madeira partiram, ao longo dos séculos, para destinos como a África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Curaçau, Estados Unidos da América, França, Havai, Inglaterra ou Venezuela.

É nesta última nação da América Latina, que se encontra radicada a maior comunidade emigrante madeirense, computada em cerca de 300 mil emigrantes e descendentes, num total de meio milhão de luso-venezuelanos. Uma comunidade, maioritariamente formada por naturais da “pérola do Atlântico”, que apesar de viver nos últimos anos imersa numa grave crise económica, política e social, persiste desde a segunda metade do séc. XX, como um pilar estruturante do desenvolvimento urbano, económico e sociocultural da Venezuela.

O relevante legado histórico da diáspora madeirense para a pátria de Simón Bolívar, está desde o início da segunda década do séc. XXI plasmado na missão e visão do Museu da Família Teixeira, situado na Fajã da Murta, freguesia do Faial, no concelho de Santana.

Um espaço museológico concebido pelo empreendedor e benemérito Aneclet Teixeira de Freitas, emigrante de sucesso na capital venezuelana, onde desde os anos 80 alavancou as cadeias de lojas “Rey David”. E que, tem como principal desígnio homenagear e perpetuar a memória dos seus progenitores, Albino Teixeira e Conceição Caires, naturais de Fajã da Murta, que tal como milhares de conterrâneos, encetaram nos anos 50, uma trajetória migratória familiar para a pátria de Simón Bolívar.

Detentor de vários investimentos na América Latina, assim como no torrão natal, onde tem investido em hotéis e imobiliário, contexto que confluiu para que em 2021, no âmbito das comemorações do Dia da Região e das Comunidades Madeirenses, tenha sido agraciado pelo Governo Regional com a Insígnia Autonómica de Bons Serviços. O empresário luso-venezuelano erigiu em Fajã da Murta um espaço museológico que alberga as memórias, objetos, cartas e fotografias da família.

Um espaço museológico, aberto ao público e com entrada gratuita, aformoseado por um jardim com vinte palmeiras trazidas do Egipto, uma capela, um coreto e uma adega, que ao preservar a história de vida da Família Teixeira, dinamiza e perpetua a memória histórica do fenómeno da emigração madeirense para a Venezuela. Como assegura a socióloga das migrações, Maria Beatriz Rocha-Trindade, no artigo Museus de Migrações – Porquê e para quem?, o Museu da Família Teixeira “constitui um espaço museológico revelador de muitos factos que se encontram intimamente ligados à vida pessoal de um migrante, que partiu para a Venezuela pelo chamamento do seu pai e que a partir daí construiu habilmente e de forma particularmente inteligente o sucesso obtido”.

Nesse sentido, o futuro Museu da Emigração Madeirense, não pode deixar de criar sinergias com o Museu da Família Teixeira, instituído pelo empreendedor e benemérito Aneclet Teixeira, cujo notável percurso de vida, lembra-nos a máxima do escritor francês Joseph Joubert: “A memória é o espelho onde observamos os ausentes”.

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