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Artigo de Opinião

Presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses

24/05/2024 08:00

A ação da Ordem dos Psicólogos Portugueses tem sido caracterizada pela afirmação do contributo da psicologia como ciência e profissão na conceção e implementação de políticas públicas e na otimização do funcionamento das instituições. Utilizar o corpo de conhecimento que existe não é uma espécie de “sensibilidade” de quem o faz e muito menos um luxo, mas um fator de diferenciação e sucesso na promoção da saúde e do bem-estar, do desenvolvimento e da coesão social.

Neste período de debate social que vivemos, reiteramos 5 dimensões globais, que têm sido concretizadas em múltiplas propostas ao longo do tempo: aplicação do conhecimento, aposta na prevenção e promoção, intervenções baseadas na evidência, reforço da capacidade de resposta e otimização do funcionamento dos serviços.

Há que mobilizar o conhecimento da psicologia para resolver os problemas das pessoas e das organizações. A evidência do custo-efetividade da intervenção psicológica faz com que seja redundante falar nisto, mas tem de ser reiterado que há um corpo de conhecimento que pode ser mais utilizado em muitos setores, incluindo a educação, a saúde, a social e comunitária, a justiça, o desporto e o trabalho e as organizações (neste último, por exemplo, isto é bem evidente na Região e não só).

De forma transversal a setores, é fulcral um enfoque na prevenção e na promoção. Se é evidente a necessidade de garantir acesso e as melhores condições de tratamento e recuperação, também é fulcral prevenir o surgimento dos problemas e promover as competências que permitem às pessoas lidar com os desafios que enfrentam nas suas vidas e muito antes de adoecerem, entre as quais se incluem as competências sociais e emocionais.

Mas não é qualquer coisa que serve para prevenir ou tratar. As intervenções devem ser selecionadas pela sua qualidade e baseadas na evidência, bem como deve existir um compromisso em as avaliar. Antes de uma medida ser lançada para milhares de pessoas ou existir uma mudança institucional, temos de saber quais os fatores que a fazem funcionar e que efeitos produziu, depois de aplicada.

Face à complexidade crescente das situações e dos desafios societais, e à natureza e quantidade de solicitações, há também que reforçar a capacidade de resposta em vários setores, por exemplo, na área social ou nos cuidados primários de saúde, para maior acesso e condições para a prevenção.

Concomitantemente ao reforço de profissionais, há o desafio da otimização. Isto inclui olhar às necessidades dos profissionais que já existem, à forma como se encontram organizadas as redes de serviços e à abordagem às problemáticas. É essencial assegurar condições mais adequadas para a prática e que previnam riscos psicossociais nos profissionais, revisitar a distribuição de serviços e profissionais com base nas valências que é necessário providenciar, nas prioridades para a intervenção no sistema, no contexto em que mais bem estão inseridos e na necessidade de diferenciação de papéis (por exemplo, na área da saúde mental nos cuidados primários), e adotar os melhores modelos de intervenção na organização da resposta a questões específicas que a sociedade enfrenta.

A realidade atual é muito desafiante e exigente para todos os agentes envolvidos, pessoas, profissionais, lideranças, decisores políticos. Mas é precisamente por esse motivo que, num espírito reformista e focado que é essencial, as políticas e a governança das instituições, públicas e não públicas, devem ter a melhor qualidade.

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