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Artigo de Opinião

Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Advogados

24/07/2024 08:00

Depois de toda a euforia do final do ensino secundário, começou ontem o drama dos pais e dos filhos - concurso de acesso ao ensino superior.

Para os filhos, surge logo aquela dúvida existencial, do “bem, mas é mesmo este o curso que quero?”

Depois de, resolvido, ou pelo menos assemelhada essa resposta, eis que surgem as outras questões: para onde concorro em primeiro lugar? Fico na Madeira ou vou para o continente?

Normalmente as respostas saem à “boca” da candidatura, com o impresso à frente, toca a decidir e, por vezes, no último momento, lá vem aquele arrependimento e a mudança de opção.

Começa verdadeiramente aqui, a fase em que, cada um de nós, tem inevitavelmente de tomar as primeiras grandes decisões da vida. Não obstante a pergunta aos pais: o que achas que faço? Surge a resposta natural: oh filho, faz o que achares melhor para ti, sabes que podes contar sempre connosco.

Na verdade, grande ajuda, pois a primeira questão era mesmo essa, saber o que era melhor para ele.

São as trocas de telefonemas com os amigos à procura da melhor resposta, o pedido de ajuda aos primos, já todos formados, ou o recurso ao apoio dos técnicos do gabinete de acesso ao ensino superior, mas na verdade, no momento de preencher, é cada um dos alunos que terá de decidir por si.

Enfim, depois é fechar os olhos e... Uff, olha, está preenchido agora que seja o Deus quiser.

Verdade que também há aqueles que já têm tudo programado desde o início do secundário e sabem à vírgula qual a sua média e para que curso e universidade conseguem “entrar”, com ou sem contingente.

E ainda aqueles, que, totalmente convictos do que iam fazer e, achavam ter feito, descobrem que cometeram um erro no preenchimento da candidatura e que assim, em lugar de entrarem para direito em Lisboa, vão para engenharia aerospacial em Vila Real.

O que tem de bom é que, depois destes dias de ansiedade, outro tempo melhor se avizinha, são os dias de banhos no Lido e no Clube Naval, os arraiais de verão, o rali, aqueles dias de férias no Porto Santo, onde, todos os dias são de festa de despedida dos amigos (e as manhãs são de ressaca, que fazem prometer um novo dia sem qualquer festejo mais líquido - promessa que dura até à primeira imperial), tudo sem se lembrar do acesso à universidade, até porque as decisões diárias neste momento de férias, são mais fáceis de tomar.

Da parte dos pais, os dramas são em tudo muito semelhantes, querer o melhor para os filhos, mas, à escolha do curso e da universidade, ainda acresce, como pagar setecentos euros de casa, mais setecentos de viagem, mais cem de propinas, mais os livros, e ainda o dinheiro para os miúdos comerem.

Depois, salta à memória a questão: quando eles acabarem o curso, conseguirão arranjar trabalho? Será que aquele era mesmo o curso ideal para ele (diz o pai para a mãe – então ele nem podia ver sangue e agora vai para enfermagem)? E as outras preocupações: Será que ela consegue adaptar-se bem ao frio de Bragança? E as sopas, como é que ela vai fazer para guardar? Ele é alérgico ao frio e, a Covilhã é terrível durante o inverno. Enfim aquela eterna preocupação com os filhos que, começa quando eles nascem e acaba quando nós morremos.

A acrescer a isso, temos as alterações legislativas que surgem pelo caminho, onde o Estado, unilateralmente altera as saídas profissionais, como aconteceu com a advocacia, onde, por exemplo, os atos próprios de advogado sofreram um grande revés, com a abertura de muitos deles, a entidades sem nenhum saber técnico jurídico, sem curso de direito.

Veio-me à lembrança a história contada por aquele meu cliente, em relação ao filho: meu rapaz, concorre para a Universidade da Madeira porque é a melhor do país, para além disso, tens alojamento e alimentação de borla e consegues ficar junto e com apoio dos teus pais.

Aí o miúdo respondeu: Pai, isso é quase perfeito, poderíamos apenas retirar essa do ficar junto dos pais. Mas, farei a matrícula, em qualquer universidade e, ficarei a aguardar pelo dia em que o governo criar a legislação, através da qual atribui competências para a prática de atos médico, de advocacia e de engenharia a quem apenas tiver a matrícula efetuada.

O meu cliente convencido, disse-lhe: se não fosses meu filho, eu tinha de ser teu pai.

Termino com votos de boas férias e, os melhores sucessos aos novos alunos universitários.

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