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Artigo de Opinião

Deputado

3/09/2022 07:30

Mas com o verão regressou, também, o eterno problema do abandono de milhares de animais de companhia, registado um pouco por todo o país.

Apesar da atual criminalização de maus-tratos praticados contra animais de companhia, são ainda milhares os que são vítimas de negligência e abandono. É difícil fazer um retrato fiel à situação, uma vez que só são conhecidos os casos reportados pelos Centros de Recolha Oficiais (CRO), mas os dados oficiais apontam para cerca de 43 400 animais apenas no ano passado. São muitos... são demasiados! E estes números são ainda mais agravados se incluídas as associações zoófilas, que deverão ter acolhido tantos ou mais animais.

Segundo os mesmos dados, existem 69 centros de recolha municipais no nosso país, encontrando-se todos eles sobrelotados. De todos os animais que são abrigados nestes centros, apenas 25 mil foram adotados e cerca de dois mil foram eutanasiados. Os restantes ficaram... mas muitos condenados a viver toda a sua vida nestes centros.

É verdade que o abandono de animais ocorre durante todo o ano e não apenas no verão. Mas não é menos verdade que é neste período que se verifica uma maior incidência. E este abandono tem consequências gravíssimas quer, naturalmente, para os animais abandonados, quer para a própria saúde pública, através da possível transmissão de doenças infeciosas ou parasitárias, por vetores como carraças e pulgas que podem transmitir zoonoses (doenças transmissíveis entre o cão e o homem), mas também problemas de outra natureza como acidentes de trânsito e impactos sociais relevantes, pela presença de animais maltratados e sem dono.

Ainda há uns dias, dizia a Provedora do Animal e ex-bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, Laurentina Pedroso, que o abandono animal custa muito mais do que medidas para resolver o problema, estimando que o custo para o Estado do abandono animal deverá ultrapassar os mil milhões de euros (!). Alertava que "custa muito mais manter estes animais ao longo de décadas do que as verbas que precisaremos para fazer campanhas de esterilização".

Estas declarações vêm ao encontro do que tenho vindo a dizer, sucessivamente, no Parlamento Regional. Que são necessárias soluções urgentes para combater o abandono, promover um plano de esterilização eficaz e impedir o sofrimento atroz dos animais!

E são diversas as medidas discutidas no Parlamento Regional, mas que, por serem iniciativa da oposição encontram sempre o mesmo destino: o chumbo forçado, na maioria das vezes sem justificação plausível.

PSD e CDS "empurram" assim a responsabilidade do bem-estar dos animais domésticos para os mesmos de sempre... para as associações de animais e para os municípios.

Os mesmos partidos que quando estão em campanha são os primeiros a abanar a bandeira do compromisso com a causa animal, são também os primeiros a negligenciar esta causa quando chegam ao poder.

E o resultado está à vista de todos: más condições de acomodação, falta de cuidados médico-veterinários e investigações levadas a cabo pela GNR decorrentes de queixas-crime relacionadas com maus tratos em instalações municipais... quer o leitor tentar adivinhar quem governa estes municípios? É vergonhoso!

Mas também não posso deixar de aplaudir a luta daqueles que remam contra a maré e o trabalho do Município que maiores passos tem dado na causa animal: Santa Cruz.

É necessário reconhecer o empenho de funcionários e autarcas que prontamente criaram um Centro de Recolha Oficial de Animais Errantes e a contratação de uma médica veterinária municipal. Uma notável postura para a saúde e bem-estar dos animais, com medidas que têm vindo a ser implementadas em diferentes frentes e cujo pioneirismo deu resultado! Só no ano passado, os dados do Gabinete Médico-Veterinário da Câmara de Santa Cruz dão conta de mais de trezentas adoções, 27 cirurgias, e centenas de famílias ajudadas com ração e com medicamentos para animais doentes.

Um trabalho exemplar que se vem juntar à nobre luta das incansáveis associações de apoio animal, que, JUNTOS, assumem uma luta que é de todos nós. E que é o reflexo de uma sociedade que se quer cada vez mais humanista, civilizada e progressista.

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