Aquintrodia?
Mas que raio de palavrão!...
Faz parte do vocabulário madeirense. Não será mais do que: aqui há dias, aqui outro dia, faz agora uns dias...
Aquintrodia aconteceu será o mesmo que: há dias aconteceu.
Esclarecido isto, vamos então passar em revista alguns acontecimentos de aquintrodia.
A Madeira tem um verão intenso em arraiais.
Por toda a Ilha celebram-se festas ao Senhor, a Padroeiros, a Santas e Santos cujo exemplo de vida é motivo de exaltação e prece.
Sobretudo à Senhora que é apresentada em muitas e diferentes versões. A Senhora do Monte, ou da Nazaré, da Piedade ou do Loreto, da Penha ou da Agonia são variantes duma Senhora que entrou na vivência cristã pela função de mãe, pela disponibilidade da aceitação, pela coragem da responsabilidade assumida em espírito de missão, pela humildade e competência do desempenho, pela presença discreta em horas e lugares relevantes, pela lembrança da necessidade de agir (já não têm vinho, vê se resolves. – bodas de Caná), uma Senhora que é manto, é refúgio, é colo, é intermediação, é exemplo, é simpatia, é força, numa palavra: é Mãe!
Os arraiais são ponto de encontro e de convívio, arrastando gente de todo o lado, uns impulsionados pela fé ou cumprimento de promessas, outros pela farra e cantorias, uns pelos petiscos, outros pela poncha e cerveja, uns pelos artistas em moda, outros pelos despiques ou bandas.
Falando de bandas.
Vem a propósito referir o grito de alerta da Associação de Bandas Filarmónicas, quer para a necessidade de formação interna, quer para o facilitismo de constituição de grupos musicais, que se auto intitulam de bandas, sem as imprescindíveis características que as identificam.
Há pouco, vi destacada a concorrência desleal desses grupos, centrando-se a discussão na oferta de preços que as filarmónicas não podem acompanhar.
Que se mantenha o elevado grau qualitativo das bandas filarmónicas, pejadas de juventude e dedicação, constituindo-se como verdadeiras embaixadoras de composições musicais, para todos os gostos e ocasiões. Não pode esquecer-se que, durante muito tempo, a única animação musical de arraial era disponibilizada pelas bandas.
Muitas freguesias ainda exibem orgulhosamente o seu coreto, como peça relevante do património regional.
Da Região para o mundo.
Vai a nossa patinadora, Madalena Rodrigues Costa que, aos 16 anos, conquista o título de campeã da Europa de seniores, depois de ter sido tricampeã em juniores, acumulando títulos regionais e nacionais. Vê-la deslizar numa pista em patins, com a elegância dum cisne branco num lago azul, com a graça duma dançarina de ballet, com a técnica apurada que até nos dá a ideia de ser fácil, vê-la evoluir assim é esquecer que, para além do dom natural, que só nasce com alguns, há um trabalho gigante, uma vontade de ferro, uma disciplina exigente, a dureza de treinos e repetições até à perfeição, mas também o gosto e prazer enormes de fazer e bem fazer. Parabéns, Madalena, e a todos os que te ajudam a ser essa menina de oiro!
Estão aí as autárquicas.
Televisões, rádios e jornais têm sido divulgadores das propostas dos candidatos. É aos milhares de cidadãos que se disponibilizam para servir as comunidades, nos mais diferentes cargos autárquicos, que eu presto homenagem.
Independentemente dos partidos ou coligações pelos quais se apresentam, são portadores de propostas construídas em muitas horas de trabalho, com apoio e sugestões de equipas largas e comprometidas, todas seguramente empenhadas numa sociedade mais justa, mais desenvolvida, mais solidária.
Merecem o respeito e gratidão de todos nós.
Bem hajam!