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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

8/03/2023 08:00

A vida termina a qualquer instante, e a todo o instante, "Vou-lhe dizer um grande segredo, meu caro. Não espere o juízo final. Ele realiza-se todos os dias" A.Camus.

É importante agir, como se este fosse o último momento que partilhávamos, que essa seria a nossa última memória futura.

Se aquele telefonema, aquele café, aquele abraço, aquele beijo, aquelas palavras ditas e ouvidas fossem as últimas, quais seriam? Será que já pensamos nesta efemeridade e fragilidade da vida! Se nos fosse dada a conhecer que aquela seria a nossa última conversa, o que teríamos dito ou feito de maneira diferente?

Certamente este é um exercido teórico que demonstra claramente que por um lado não acreditamos na nossa finitude, e por ora, a dos que nos rodeiam, por outro perante o cenário de fim teríamos dito ou feito muitas coisas de maneira diferente! A questão é só porque não o fazemos? O segredo será provavelmente agir sempre de maneira a que o peso da inação não se transforme num lastro, numa mágoa e castigo eterno. Se agíssemos com aqueles que amamos, sempre como se fosse o último momento a partilhar, tenho a certeza que o mundo seria um local de Luz e como tal de Amor total.

Provavelmente o homem do absurdo que Camus cria (traz à consciência) e projecta em Mersault, tenha razão, devemos ter mais leveza na vida, não valorizarmos demasiado a visão do mundo criada pela sociedade e nem suas regras e objectos de desejo, mas sim deixar-se guiar por esse motor vivencial que é a vontade, e aqui abrindo espaço também a algo que negamos e rejeitamos que é a nossa condição animal.

Observarmos a nossa vontade, essa força invisível que nos impele, e se formos como Mersault, taciturnos "O homem é mais um homem pelas coisas que cala, do que pelas coisas que diz" A.Camus, apenas porque não temos nada para dizer ou porque o eu animal está cansado por isso "não chora no funeral da mãe "que assim seja!

Importante é sermos nós, e que estejamos presentes na nossa vida, e que cada momento vivido seja apreciado, ter a capacidade de sentir uma certa plenitude na eternidade do momento! Apreciar o momento! "Viva como se fosse morrer amanhã" MGandhi.

Não ter medo de errar, assumir esse erro é importante, mas saber da fragilidade da nossa condição, e da sua volubilidade às circunstâncias!

Amar infinitamente, a cada dia que passa sinto essa certeza interior, fazer o nosso melhor, percorrer o caminho do Bem, e a cada momento dedicar-lhe a solenidade que merece.

Aqueles que caminham connosco quer seja abnegadamente e por afinidade, quer seja por sentirem nas veias das suas, correr o sangue das nossas, são razão da nossa existência!

Aproveitemos cada momento partilhado com quem nos ama, façamos como se o amanhã não viesse, aí reside a nossa persistência da memória se quisermos a eternidade.

OPINIÃO EM DESTAQUE
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