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Artigo de Opinião

Advogado

1/01/2022 08:00

Nessa coligação entre a enérgica e voluntariosa esperança e a ternurenta sabedoria que os anos trazem. Não sei se sou já capaz de testemunhar esse vaticínio (só o sou há oito meses), mas tenho a absoluta convicção de que essa relação é extraordinária e essencial ao Mundo.

A idade traz crescente tolerância, mas também acrescido sabor à vida e aos momentos que ela nos proporciona. Alguns falam da sobremesa da vida, fechando da melhor forma "refeições" que nos deram força para o dia-a-dia. Outros asseguram ser a possível eternidade terrena para quem chega a esse gostoso de estatuto.

Para quem não teve a possibilidade de conviver com um avô, mas teve a grandeza de poder colher da bondade serena de uma avó, esta novidade que me foi oferecida durante o ano de 2022 tem sido uma extraordinária Graça que revela a mão divina do Criador. Já o pressentia quando olhava para os meus pais e sogros e os via tão felizes com a minha direta descendência. De facto, olhar a nascente vida que de nós também decorre é o mais gratificante acontecimento que podemos ter e é muito bom vivê-lo.

Há também outro aspeto que hoje gostaria de referir. Para além de tronco de árvore donde partem os ramos e os frutos, os avós são fator de unidade familiar. Ir à casa dos avós é celebrar a família alargada, cultivar essa ligação profunda a uma história que alicerça uma forma de viver. Os avós são o cantinho quente da nossa existência, o sabor da tradição que nos fica para a vida.

Quando não é fácil ser família no corrupio desenfreado do quotidiano, quando nos desiludimos pelo desleixo ou desinteresse crescente de quem nos governa por politicas de e para as famílias, quando a solidão (bem-haja Cardeal Tolentino pelo alerta!) se torna o modo de vida de elevada percentagem de famílias, quando a angustia e o desespero proliferam nos mais novos por falta de um abraço ou até de um ombro, os avós podem e devem ter um papel nos embates da vida. Ninguém os quer a substituir na função fundamental dos pais e de principais educadores, mas todos nós facilmente reconhecemos que os avós podem ser uma importante referência da vida familiar.

Já aqui falei muitas vezes da por vezes difícil condição dos nossos idosos. Tantas vezes descartados, precocemente desvalorizados, ignorados ou até criminosamente espoliados, os mais velhos são uma das "classes mais desfavorecidas" da nossa sociedade. Não apenas no bem-estar material, mas fundamentalmente na aspereza desumana em que tantos se encontram. Ser avô e poder desempenhar essa função em plenitude é também uma forma de coesão e integração social aproveitando essa relação amorosa.

Que Deus nos ajude a compreender e a viver toda esta nossa nova e bela fase da vida.

Bom ano!

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