O incêndio que deflagrou em Arouca terça-feira à noite já destruiu cerca de dois quilómetros dos Passadiços do Paiva e continua a lavrar com “média intensidade”, informou hoje a autarquia, que decidiu continuar com as escolas fechadas na quinta-feira.
Em causa está o fogo que, alastrando a partir de Castro Daire, no distrito de Viseu, rapidamente gerou três frente ativas no concelho do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, em concreto na zona de Alvarenga, na de Covêlo de Paivó e Janarde, e na de Canelas e Espiunca.
No balanço do dia feito à Lusa, fonte da autarquia disse que continuam cercadas várias freguesias do território, que, classificado como Geoparque da UNESCO, se distribui por 329,11 quilómetros quadrados, 85% dos quais de área florestal.
Após o alerta da presidente da câmara municipal, que ao início da tarde dizia ter meios insuficientes no combate ao incêndio, às 21:00 estavam no terreno 187 bombeiros de 10 corporações, 10 militares da GNR, quatro técnicos do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, e ainda 30 operacionais do Afocelca - Agrupamento Complementar de Empresas para Proteção Contra Incêndios, sendo todos esses recursos apoiados por 40 veículos.
Os Passadiços do Paiva, que estavam encerrados ao público desde segunda-feira, devido à ameaça de incêndio, foram parcialmente destruídos, numa extensão que, embora de início confinada ao troço entre a escadaria da Ponte de Alvarenga e a ponte suspensa “516 Arouca”, está agora avaliada na ordem dos dois quilómetros.
A zona mais preocupante ao início da noite continuava a ser, segundo a câmara, Ponte de Telhe, já que, se o fogo transpuser o rio Paivó, poderá a partir daí alastrar para novas frentes de combustão – como aconteceu no incêndio de 2016, que destruiu cerca de 8.600 hectares em Arouca e, galgando para o município vizinho de São Pedro do Sul, ainda aí consumiu mais 17.000.
Além de Ponte de Telhe, estão confinadas as aldeias de Telhe, Celadinha, Covêlo de Paivô, Meitriz, Regoufe, Silveiras, Vila Galega, Vila Nova, Várzeas, Bustelo, Vilarinho, Vila Cova, Serabigões e Mealha. De alguns desses povoados foram retirados os habitantes com mobilidade reduzida, assim conduzidos para casa de familiares.
A câmara informou ter também fechado todos os estabelecimentos de ensino da rede pública do concelho, afetando as escolas-sede dos agrupamentos de Arouca e Escariz ao acolhimento exclusivo de “filhos e dependentes dos profissionais diretamente envolvidos nas operações de socorro”.
Encerrados estiveram igualmente os complexos desportivos municipais de Arouca e Escariz, que, tal como as escolas, se manterão fechados na quinta-feira. A medida prende-se sobretudo com a má qualidade atmosférica, mas acautela também eventuais dificuldades de circulação, já que as estradas EM 505 e o CM 1227 já reabriram ao trânsito, mas continuam cortadas nos dois sentidos a EN 326-1, no troço entre o Alto do Gamarão e Alvarenga, e a EM 510, no trajeto entre Ponte de Telhe, Covêlo de Paivó e Janarde.
Nos vários incêndios ainda a lavrar em diferentes municípios das regiões Norte e Centro do país, desde domingo já morreram sete pessoas.
Nesses fogos dos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viseu, outras cerca de 120 pessoas ficaram feridas, 10 das quais com gravidade, e houve ainda a registar a destruição de dezenas de casas.
Segundo o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, a área ardida em Portugal continental ultrapassa desde então os 62.000 hectares, dos quais 47.376 só no território Norte e Centro.
Face à dimensão desses incêndios, o Governo declarou o estado de calamidade em todos os municípios afetados e, atendendo às previsões meteorológicas, alargou até quinta-feira a situação de alerta.