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Embaixada chinesa em Portugal insta IL a cessar “apoio a separatistas” do Tibete

Data de publicação
14 Novembro 2024
18:53

A embaixada da China em Portugal instou hoje, a propósito do anúncio da Iniciativa Liberal de um projeto de resolução pela autodeterminação do povo tibetano, ao cessar de “apoio a atividades separatistas” e interfência em assuntos internos chineses.

“Urgimos certo partido político a deixar de utilizar questões relacionadas com Xizang (denominação chinesa do território do Tibete) para interferir nos assuntos internos da China e não fornecer apoios às atividades separatistas anti-China”, refere uma resposta à Lusa, na sequência de um pedido de comentário às declarações do deputado liberal Rodrigo Saraiva.

Após uma reunião com o presidente do autoproclamado governo tibetano no exílio (‘sikyong’), Penpa Tsering, o deputado anunciou à Lusa que apresentará brevemente um projeto de resolução continuando o “caminho parlamentar e formal para pôr a Assembleia da República (AR) ao lado da causa do povo tibetano, da sua autodeterminação”.

A IL tinha feito aprovar, em maio, na Comissão de Negócios Estrangeiros da AR, um voto de preocupação pelos “29 anos do rapto do 11.º ‘Panchen Lama’ perpetrado pela República Popular da China”. Trata-se da “segunda figura religiosa mais importante do Tibete” que é responsável pela “procura e reconhecimento da próxima reencarnação do Dalai Lama”, o líder do povo tibetano.

Hoje, em resposta escrita, a embaixada chinesa caracterizou o “chamado “governo tibetano no exílio” como um “grupo político separatista e uma organização ilegal que viola a Constituição e outras leis da China”.

“Nenhum país do mundo o reconhece. O 14.º Dalai Lama (líder espiritual e político para os tibetanos) é um exilado político sob o manto da religião, e Penpa Tsering, como o ‘presidente’, é um separatista totalmente anti-China”, segundo a nota.

Para a representação diplomática de Pequim, os dois homens querem “separar Xizang”, que para a China é sua “parte inalienável (...) desde os tempos antigos”.

Foi ainda afirmada a firme oposição “às atividades separatistas anti-China em qualquer país e sob qualquer pretexto, e a qualquer contacto oficial de qualquer país”, sendo que os “assuntos de Xizang são puramente assuntos internos da China e nenhuma interferência externa será tolerada”.

“Qualquer pessoa ou qualquer força que pretende perturbar o Xizang até conter o desenvolvimento da China, está fadado ao fracasso. A China aprecia o respeito de Portugal pelos interesses fundamentais da China e o seu compromisso com as questões relacionadas com Xizang”, acrescenta a nota.

Em Portugal, a nível político, Penpa Tsering reuniu-se com PSD, IL, PAN e Livre e, em entrevista à agência Lusa, explicou que a sua deslocação visou “criar mais consciência sobre o que está a acontecer no Tibete e o que a China está a fazer em todo o mundo”.

Penpa Tsering não se encontrou com o PS, como previsto, por desencontro de agendas. Foram solicitadas audiências designadamente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e a todos os partidos com representação parlamentar, excetuando o Chega.

Segundo a equipa de Penpa Tsering, o MNE não respondeu a solicitações para um encontro. A Lusa contactou o MNE para averiguar da disponibilidade para receber o líder político tibetano, mas não obteve resposta em tempo útil.

Na entrevista à Lusa, Penpa Tsering acrescentou que os encontros com partidos servem para “os convencer a convencer o governo”, a quem pede apenas que “oiçam”.

“Não estamos a pedir aos governos que tomem posições, se não o quiserem fazer. Mas pelo menos ouçam o que temos para dizer e tentem descobrir se é verdade, ou não. E, se se descobrir que é verdade, então tem de se decidir o que é bom para este mundo. Se se deve ficar do lado dos autocratas ou do lado dos democratas”, argumentou.

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